Concertos da minha Vida: U2 - Zoo TV
Ano 1991. O vídeo de "Fly" atinge-me como um raio. Desde Sigue Sigue Spunik que uma proposta visual não me impactava tanto. Arrepios. Fui apanhado completamente de surpresa. Compro o CD. São os U2 renascidos das cinzas tóxicas do "amigo americano" "Rattle and Hum". Bono usa óculos de "mosca", reinventa-se com a energia de um novo xamane, um neo-Morrison. A guitarra de The Edge entra finalmente no pós-punk. A electrónica com sabor a Madchester faz o resto. O aviso esta lançado, "Achtung Baby". A década de 90 começa bem para os rapazes de Dublin. O grunge fica para outro dia. Finalmente, os irlandeses ganham juizo viram as costas aos EUA, encontram-se consigo próprios num show planetário que promete efeitos secundários surpreendentes. Cheira mesmo a revolução audiovisual. ZooTv é uma utopia, uma energética fuga para a frente, a banda aposta tudo e ganha. Nós também. Graças a Deus e a Brian Eno.
Data: 15 de Maio de 1993. "Acrobat" não me larga a cabeça. A noite em Alvalade, felizmente, prometia ser tudo menos serena. Rumei do Barreiro para a toca dos leões com quatro amigos, todos tinham bilhete menos eu, tinha mesmo de me safar. Desenrasquei um bilhete por 20 contos. Na relva, ao lado do "ZooTv Confessions" assisti a um dos melhores concertos de toda a minha vida. Saltei o mais alto que pude amparado por braços de duas raparigas que até hoje ainda estou para conhecer. Bono era de facto o Morrison. Poético. Calças negras de couro. Saltos. Luzes. Usando a tecnologia, os U2 surfaram o tsunami da imagem em movimento, da informação, da publicidade. Armas que quase os mataram em "Rattle and Hum" são o antidoto perfeito para um exorcismo "live" de excessos e confissões. No final, em Alvalade, Bono pede um táxi para ir para casa mas em sucesso. Hipotizado fui mesmo a pé até ao Terreiro do Paço, acompanhado por centenas de "zombies". As ondas gigantes dos ecrãs de ZooTv ainda faziam tremer as mentes dos caminhantes. Os movimentos misteriosos de um concerto do outro mundo. Televisão emitida em directo para uma Lisboa que mal tinha acordado para os concertos deste mundo apanhava logo com um dos espectáculos mais impressionantes da década de 90. Felizmente fui um dos 4,5 milhões de participantes nessa celebração chamada de ZooTV. Paguei por isso e aprendi a licção, passado poucos menos, não esperei pela demora, e já tinha no bolso o bilhete para os Nirvana no Dramático de Cascais... Para mim Alvalade ficará sempre associada a U2 e Metallica, na primeira vez que o conjunto de Hetfield passou por Portugal... inesquecível. Mas essa é outra história...
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