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Sunday, January 28, 2007

Coliseu: AMIgos à parte

Noite de revisão sonora do concerto AMIgos, ontem no Coliseu do Porto. De olho no retrovisor, o evento perdeu alguma força relativamente ao fundacional e histórico "AMIpelaASIA, de 2005. Menos bandas e mais afastadas em termos sonoros, para além, da ausência do conceito de "festa", o concerto conquistou menos público, mas mesmo assim conseguiu produzir alguns momentos singulares, com os autores do "Rock in Rio Douro" (ainda tenho o vinil) em destaque.
Apesar da aridez de repertório original, os GNR protagonizaram, de facto, o "act" da noite, com um Reininho desconcertante, endiabrado, irresistível. Com a voz a dar claros sinais de uma ansiada recuperação, Reininho sublinhou todo o carisma, magnetismo e inteligência de um verdadeiro"frontman", auxiliado pelo "dandísmo" tão querido da pop "made in Porto", conferir e/ou revisitar Pedro Abrunhosa.
Apesar do "overall" positivo, a noite reflectiu um ano pobre em termos de colheitas sonoras arrojadas. Com Toranja em "stand by", Ez Special em "coma", Pluto e Clã em "pousio", só mesmo "Fácil de Entender" dos The Gift poderia levar a noite para alguma actualidade. A ausência não só do colectivo de Alcobaça, como também dos restantes acima mencionados, deu algum espaço de manobra aos Fingertips que, discretamente, continuam a marcar pontos na nova pop e a construirem uma carreira que ainda pode surpreender muito céptico. Fica como retrato final, a atmosfera solidária e simpática de toda a gente. "Circo de Feras". "Sub 16". Sorrisos e muita solidariedade. Encontro marcado para 2008.

Thursday, January 25, 2007

AMI no Coliseu

Pelo segundo ano, a AMI invade o Coliseu do Porto para oferecer à cidade um dos mais interessantes cartazes de música "made in Portugal". Depois do sucesso em 2006, com a sala de espectáculos esgotada, este ano espera-se novamente uma atmosfera intensa, recheada de bons momentos musicais e um ambiente solidário capaz de congregar gerações numa verdadeira festa da música em prol dos mais necessitados. A ideia triunfa pela credibilidade das entidades envolvidas e pela vontade genuína de gota a gota criar um oceâno de compaixão. Conheço por dentro parte do trabalho que a AMI faz no Porto com os sem-abrigo e posso garantir que é das actividades mais nobres que alguma vez tive a oportunidade de experimentar. Daí ter uma ligação de voluntariado com este projecto da AMIarte. Sinto, com toda a sinceridade, que o Porto, a cidade e as gentes, começa a despertar para uma força cativante de ser solidário. A arte pode muito bem ser uma ferramenta e elo geracional em causas que valem mesmo a pena. Até breve.

Sunday, January 07, 2007

AMI no Estado Novo

Algumas novidades justificam a falta de actualização do "Vício". A principal chama-se AMIarte. Por convite, estou a colaborar com a Fundação AMI - Assistência Médica Internacional no desenvolvimento do projecto AMIarte. Trata-se do núcleo de acção cultural da fundação portuguesa que visa, através de eventos culturais, angariar fundos para que a AMI continue a desenvolver projectos de solidariedade e a auxilar os mais necessitados não só em "casa", como também no estrangeiro.
O próximo evento terá lugar já na próxima sexta-feira, dia 12, no espaço Estado Novo, em Matosinhos. Um concerto de rock solidário com Dr1ve, André Indiana, Blunder e Andy Torrence. Fica o cartaz com sabor a Coliseu 2006. Lembram-se. Fica o convite para a festa que promete "flavour" solidário, algumas surpresas e muita, mesmo muita animação. Encontro fica, desde já marcado. SeeU.

Thursday, December 14, 2006

Projecto A Cause hoje à noite na Fnac do NorteShopping

A Fnac do NorteShopping recebe logo à noite, a partir das 22h00, a apresentação do projecto A Cause. Trata-se de um movimento inédito de músicos, jornalistas, figuras públicas, a favor da AMI. A iniciativa produziu um CD que será colocado à venda e cujos lucros da edição revertem inteiramente a favor da AMI .

A iniciativa conseguiu o feito de reunir pela primeira vez em Portugal 36 nomes da musica Pop / Rock, juntando várias gerações de músicosm gente da arte e do espectáculo. Fica a impressionante lista de participantes neste CD:

Rui Veloso, Xutos e Pontapés e GNR, Blind Zero, Fingertips, Ez special, Mesa, Blunder, André Indiana, Renderfly, Lulla Bye, Oratory, Sloppy Joe, Feed, Dr1ve, Gray, The Fingertrips, One Time Child, StrangeVersion, Secrecy, Half Baked, Falling Eden, Jarojupe, Wipeout, Human Cycle, Nothem, Paulo Paradela, LeftOver, Blackberry, Spinning Shalk, Sally Lune, Elliot, Ironic Speech, Spitout, Bliss, Nora Luca e ainda Isabel Figueira (RTP), Fernando Alvim (Sic/Antena3), Regina Silva (Miss Fotogenia 2004), Quim Roscas e Zé Estacionancio (RTP/Best Rock),Luísa Nemésio (AMI) e José Araújo ( R.Comercial).

Foto: Paulo Freitas

Para mais informações: www.acause-pt.com

ou recordar e contextualizar nos posts anteriores do "vício": "conclave" , e "em movimento" ou "gestação"

Thursday, November 30, 2006

Petição contra o fim da Festa da Música

Depois do Rivoli, da Caixa do Jornalista, recebo hoje mais uma petição inconsequente. Desta vez contra o fim da Festa da Música. Sinceramente já começo a ficar farto de tanta petição. A própria palavra já soa a terceiro-mundismo. Não acredito no estado-providência, nem no Pai-Natal, nem que os "pedintes" necessitem do dinheiro dos meus impostos para ouvir Beethoven no CCB. Ao ler a referida petição, pergunto se não faria mais sentido uma segunda complementar a exigir que o ministério da Cultura patrocine uma segunda vinda ao Porto dos Rolling Stones. É que da primeira vez, os bilhetes foram demasiado caros para a minha carteira. E como, apesar de viver longe do CCB, também pago impostos, exigo ter o mesmo direito de acesso à cultura como qualquer outra pessoa pague 97,50 euros sem pestanejar para ver Mick Jagger.

Na minha rádio quem manda sou eu

Minutos antes de explodir, a cultura digital contempla-se a si própria na web, deixando antever a insustentável leveza do bit num futuro cada vez mais incerto. Neste universo de impermanência visual e vertigem sonora, as novas rádios digitais afirmam-se como um dos fenómenos mais interessantes do momento, uma das experiências “internetianas” mais estimulantes e aconselháveis para quem necessita de se alimentar diariamente de música sempre fresca e natural. As consequências económico-culturais e os efeitos secundários começam agora a surpreender. Actualmente, o fenómeno já mistura músicos com ouvintes, num universo onde cada um pode ser DJ da sua própria rádio. Centenas de profissionais do som estão a encostar as guitarras à parede e a trabalhar em casa para “web radios” como Pandora, Last.fm, Lauchcast, Finetune ou Rhapsody. A função é simples, durante 25 horas por semana, os novos críticos rendem-se à ditadura dos “headfones” e catalogam músicas, classificando a tonalidade das vocalizações de Tori Amos e Kate Bush, a distorção das guitarras Joey Santiago e Johnny Greenwood, o rítmo da bateria de David Grohl e Jimmy Chamberlim. Os analistas da Pandora já conseguiram catalogar mais de 500 mil temas, do metal ao country, do pop ao rap, construíndo um gigantesco edificio digital conhecido como Music Genome Project.
Depois de catalogados, os temas são lançados na net, hiperligados por semelhanças. Assim, o ouvinte ao pontuar um tema está apurar a sua “playlist”, a personalizá-la, abrindo milhares de outras faixas previamente catalogadas com o mesmo DNA. Na Pandora, se pontar positivamente o tema ”Death Letter”, dos White Stripes, surge em seguida “Don´t Wake Daddy”, dos Tragically Hip, e “Evil Eye”, dos Dead Moon. À medida que aprova ou desaprova temas, vai construindo a sua própria playlist e conhecendo propostas novas dentro da seu espectro musical da sua eleição eleição.
Para além da subversão mais óbvia: a música passa a escutar o ouvinte - este é aliás uns dos slogans da Lauchcast da Yahoo, “Music that listens to you”, as “playlists” personalizadas transformam as “web radios” em catálogos gigantes de venda on-line. Sempre atentas à emergência na web fenómenos rentáveis, as “majors” do comércio digital, como Amazon e i-tunes são já anunciantes de peso na Pandora. Se gosta de determinada música basta um click para comprar o tema ou o álbum.
Outro dos efeitos secundários do fenómeno das “web radios”, é a transferência do poder dos animadores das rádios FM e de televisão para os novos “catalogadores” se, rosto das web rádios, que dão ao consumidor as ferramentas para ouvir música à sua medida. Um movimento cultural de descentralização e personalização que está na raíz da popularidade da própria net. Desde cedo, a web acolheu uma nova geração de “opinion makers” musicais e que, sem suporte das grandes empresas, começaram a fazer-se notar, o Pichfork é apenas um de centenas de exemplos possíveis, dos “gatekeepers” do século digital. De repente gente anónima, opina com qualidade e independência sobre novos álbuns, temas e estilos, influenciando as compras de milhares de consumidores. Os espaços “mainstream” como a todo-poderosa MTV ou radios FM começam a perder credibilidade e terreno. O consumidor tende para a novidade feita à sua medida. Essa é a grande vantagem das “web radios”. As refeições são servidas ao gosto de cada consumidor. Sem perda de tempo e em velocidade de cruzeiro, a internet continua a ser um não-espaço de quase tudo e a ter ainda muitas caixas de Pandora por abrir. Importa encontrar as chaves certas, na hora e no local certo.

Sunday, November 26, 2006

Rolling Stones e U2 com as digressões mais lucrativas de sempre



A Vertigo tour dos U2 arrecadou, entre 28 de Março de 2005 e 5 de Março deste ano, mais de 333 milhões de dólares, afirmando-se com a digressão mais lucrativa de sempre do quarteto de Dublin e a segunda maior da história do rock and roll. Apesar de ultrapassarem os 320 milhões da Voodoo Lounge tour (1994), os U2 ainda estão longe de tocar os 437 milhões da Bigger Band dos Rolling Stones, que para além de quebrarem recordes de receitas em cada digressão, este ano foram vistos ao vivo por 3,5 milhões de melómanos em 110 concertos, isto sem contar com o maior show do ano em Fevereiro último, em Copacabana, no Rio de Janeiro, Brasil, onde mais de 2 milhões de pessoas na assistência. Desde 1989 que as digressões dos Stones são produzidas por Michael Cohl, com a Bigger Band a esticar-se até 2007, é bem possível que sem grande esforço a digressão chegue aos 500 milhões de dólares. Quando mais longe dos anos de verdadeira criatividade perto do lucro. O público quer símbolos, ícones e bandeiras.

Friday, November 24, 2006

Concertos da minha Vida: U2 - Zoo TV

Ano 1991. O vídeo de "Fly" atinge-me como um raio. Desde Sigue Sigue Spunik que uma proposta visual não me impactava tanto. Arrepios. Fui apanhado completamente de surpresa. Compro o CD. São os U2 renascidos das cinzas tóxicas do "amigo americano" "Rattle and Hum". Bono usa óculos de "mosca", reinventa-se com a energia de um novo xamane, um neo-Morrison. A guitarra de The Edge entra finalmente no pós-punk. A electrónica com sabor a Madchester faz o resto. O aviso esta lançado, "Achtung Baby". A década de 90 começa bem para os rapazes de Dublin. O grunge fica para outro dia. Finalmente, os irlandeses ganham juizo viram as costas aos EUA, encontram-se consigo próprios num show planetário que promete efeitos secundários surpreendentes. Cheira mesmo a revolução audiovisual. ZooTv é uma utopia, uma energética fuga para a frente, a banda aposta tudo e ganha. Nós também. Graças a Deus e a Brian Eno.
Data: 15 de Maio de 1993. "Acrobat" não me larga a cabeça. A noite em Alvalade, felizmente, prometia ser tudo menos serena. Rumei do Barreiro para a toca dos leões com quatro amigos, todos tinham bilhete menos eu, tinha mesmo de me safar. Desenrasquei um bilhete por 20 contos. Na relva, ao lado do "ZooTv Confessions" assisti a um dos melhores concertos de toda a minha vida. Saltei o mais alto que pude amparado por braços de duas raparigas que até hoje ainda estou para conhecer. Bono era de facto o Morrison. Poético. Calças negras de couro. Saltos. Luzes. Usando a tecnologia, os U2 surfaram o tsunami da imagem em movimento, da informação, da publicidade. Armas que quase os mataram em "Rattle and Hum" são o antidoto perfeito para um exorcismo "live" de excessos e confissões. No final, em Alvalade, Bono pede um táxi para ir para casa mas em sucesso. Hipotizado fui mesmo a pé até ao Terreiro do Paço, acompanhado por centenas de "zombies". As ondas gigantes dos ecrãs de ZooTv ainda faziam tremer as mentes dos caminhantes. Os movimentos misteriosos de um concerto do outro mundo. Televisão emitida em directo para uma Lisboa que mal tinha acordado para os concertos deste mundo apanhava logo com um dos espectáculos mais impressionantes da década de 90. Felizmente fui um dos 4,5 milhões de participantes nessa celebração chamada de ZooTV. Paguei por isso e aprendi a licção, passado poucos menos, não esperei pela demora, e já tinha no bolso o bilhete para os Nirvana no Dramático de Cascais... Para mim Alvalade ficará sempre associada a U2 e Metallica, na primeira vez que o conjunto de Hetfield passou por Portugal... inesquecível. Mas essa é outra história...

Agenda: Blunder no Tertúlia Castelense, amanhã, dia 25

No próximo sábado, dia 25 Novembro, os bLUNDER apresentam à comunicação social o novo álbum “W hit e Pawn” – o 3º de originais da sua carreira, iniciada em 1998. Blunder disponibiliza um pequeno cocktail de imprensa, um concerto e a apresentação exclusiva do EPK video e videoclip para o tema “a.k.a. everything she wants”, o novo single da banda, actualmente a rodar na série “Morangos com Açúcar”.
Os fãs que se deslocarem ao local para assistir ao concerto dos bLUNDER para além de se habilitarem a ganhar t-shirts e posters autografados no local, os primeiros 100 clientes a acederem à sala de espectáculos do Tertúlia Castelense recebem um CD single e um pack de autocolantes bLUNDER - Pawn, totalmente exclusivos.
www.blundermusic.com

Thursday, November 23, 2006

Wednesday, November 22, 2006

Monday, November 20, 2006

Reportagem: Salas de Ensaio (versão completa, revista e aumentada)

Quatro paredes e outros tantos acordes.

Viagem pelas mais recentes e carismáticas salas de ensaio e gravação da cidade do Porto. Oportunidade para conhecer por dentro os locais onde bandas consagradas e novos talentos partem cordas, esfolam dedos e colocam toda a sua arte e engenho ao serviço da música e ainda olhar os sonhos e pesadelos de quem vive para música. Os espaços esses são reservados, abertos até de madrugada, com histórias para contar, sons para descobrir e conselhos para guardar. Das lojas no centro da cidade até insuspeitos escritórios na periferia, passando naturalmente pela Ribeira de olhar voltado para o Douro, segue-se um acidental e nocturno percurso com banda sonora a cargo dos Repórter Estrábico, Checkpoint Charlie e StrangeVersion.

“Centros comerciais são centros culturais.”
Uma das mais recentes tendências das bandas em busca de uma sala de ensaio é a ocupação de centros comerciais. Neste admirável novo mundo, o espaço com maior número de bandas por metro quadrado na cidade do Porto é indubitavelmente o Stop. Mais de duas vintenas de projectos habitam a histórica catedral do consumo dos anos 80, actualmente transformada em metrópole do som. Longe da glória de outros tempos, vetada ao declínio pela ascensão dos shoppings de periferia, a antiga superficie comercial da Rua do Heroísmo alberga um número volátil mais crescente de bandas que alugam lojas entre o 2º e 3º piso. Na entrada, um placard antecipa o ambiente musical, anunciando: “Garagem das Guitarras/oficina no nº106”. Dois andares mais acima, pioneiros neste movimento de “ocupação”, encontramos os Repórter Estrábico, os primeiros a invadir o Stop, corria o ano de 1987, inaugurando um movimento migratório de colectivos dos quatro cantos da cidade para o carismático centro comercial.
No número 316, encostados à não menos conhecida danceteria “Porto à Noite” nasceram os temas do excelente “Eurovisão”. Inteligentes e atentos fenómenos transculturais, o colectivo sentencia, em discurso directo: “Se o Dallas tivesse aberto as lojas às bandas provavelmente ainda estaria aberto”, Luciano Barbosa assina o pensamento. Para o Líder, “existe aqui, no Stop, um certo retrato marginal do Porto que nos atrai”. Com vinte anos de actividade, mais de metade dos quais ensaiados entre estas quatro paredes, o projecto conhece como poucos as estórias de um espaço que tem acolhido ao longo da última década e meia personagens tão carismáticas como marginais da noite do Porto. De góticos a fadistas, de rastas a metaleiros, de prostitutas a senhoras de bem. No Stop ouve-se e vê-se um pouco de tudo, o lado mais cosmopolita e marginal da Invicta. “Já tivemos uma casa de fado mesmo aqui ao lado. Lembro-me da D. Rosa, boa voz, tinha o marido na prisão. Uma simpatia”, recorda Luciano. “Mais do que um centro comercial, o Stop é um centro cultural”, afirma o vocalista do RP.
Existem duas grandes vantagens no aluguer e transformação de uma loja num centro comercial em sala ensaio. A primeira é a segurança. Os músicos reforçam essa ideia adiantando que nunca foram assaltados e que até já deixaram as portas abertas e o material na meio do corredor. “É o privilegio de ter boa vizinhança”. Outra das grandes mais valias é a privacidade. Não têm de dividir o espaço com ninguém. Nota-se. As paredes da sala vestem-se de recordações de 20 anos de actividade dos Repórter Estrábico, uma espécie de segunda pele tatuada de “souvenires”. Do fio dental da capa de “Eurovisão”, ao charuto do vídeo “Biltre”, passando por “posters” e “creditações” de concertos. Entre ícones religiosos e pornográficos, o espaço reflete a dimensão pop-satírica do colectivo que vive bem com a memória. “Esta sala não tem nada a ver com os Galitos da Foz onde ensaiávamos. Aqui temos mais espaço, intimidade, um ambiente interessante, onde tudo pode acontecer”, afirma o Líder recordando ainda que quando ensaiaram o tema “Caracoroismo”, do mais recente “Eurovisão”, tiveram um senhor africano, cliente de um restaurante das vizinhanças, a dançar cuduro à porta da sala de ensaios. Cenas típicas de uma certa marginalidade urbana de um Porto fora de horas.
Adiante-se que para além do Stop, existem outros espaços comerciais de menor dimensão que também albergam projectos musicais na Invicta. Roteiro complementar inclui, entre outros, o Sírius por onde passam entre outras bandas X-Wife, Prostitutes e Holocausto Canibal.


“Este espaço é a nossa segunda casa”
Nesta nocturna viagem à descoberta de espaços alternativos de ensaio na Invicta, fugimos mais para norte da cidade, entrando na freguesia de Ramalde, encontramos o “edifício Chrysler”, na rua Delfim Ferreira. Construído nos anos 60 por um dos grandes nomes da arquitectura portuguesa, Artur Andrade, responsável, entre outros, por projectos tão emblemáticos na cidade do Porto como o cinema Batalha, o prédio de escritórios acolhe temporária e alternadamente perto de uma dezena de bandas.Os primeiros sons a ecoarem no edifício foram destilados pelas Amarginhas, com a voz da Fatuxa. O projecto entretanto extinto, cedeu lugar, na aurora do novo milénio, aos Checkpoint Charlie. João Pedro (a.k.a. Jp Sarembe) acompanhou ambas as bandas e conhece como poucos os cantos à casa.
Na entrada do piso 4, azulejos à antiga portuguesa avisam o visitante. “Nesta casa só têm lugar os que concorrem para o seu engrandecimento”. Aceitamos o desafio. Duas portas para lá do som dos Columbia, que salta das paredes para fora, frenético metal de surpreendente qualidade e arrojo, os Checkpoint Charlie apresentam a sua “segunda casa”. “É mesmo isso. Se calhar ainda passamos aqui mais tempo do que na nossa casa”, afirmam apesar de actualmente partilharem o espaço com os recém nascidos Mescal. Os Checkpoint afirmam-se como um dos segredos mais bem guardados do Porto. Concertos inesquecíveis no Hard Club e Vilar de Mouros valeram uma base inteligente de admiradores. “Para além dos ensaios, utilizamos este espaço para, juntamente com um grupo de amigos, cruzarmos artes, ideias e culturas – confessa João Pedro – já organizamos aqui, por exemplo, sessões de pintura”.
Mais amplos do que os espaços de centro comercial, os escritórios do “Chrylser” contêm um cheiro a modernidade pop que convidam a um intimismo “after-hours”. No entanto, quando mais de três bandas ensaiam no mesmo sector, os sons confundem-se e a acústica convida ao desafio do “ver quem toca mais alto”. Ao fundo, ainda se ouvem os acordes pesados dos Columbia que parecem invadir todo o corredor. “Bem, se fossem aqui os nossos vizinhos do lado era pior” afirma Fernandinho, o baterista. As paredes da sala seguram fotografias de concertos, artigos de jornal e creditações. “Já tocamos juntos há mais de 20 anos. Vimos para aqui todos os dias. Este espaço reflete essa vivência em comum. É de facto muito mais do que uma sala de ensaios, é uma segunda casa, tem um sentido de história e de pertença muito próprias”, afirma João Pedro.
Depois da gravação do EP e de um 2005 pleno de actividade, actualmente o projecto encontra-se numa espécie de descanso sabático para recuperar forças e ganhar balanço para um futuro certamente inovador. Mais elitista, o espaço afirma-se como uma república do som e das artes. Casa altamente recomendável que importa conhecer. Silky, Stowaways e Zen já passaram por aqui.

“Quem experimenta fica viciado”
Outra das novas tendências do mercado é o alugar de salas de ensaio à hora. Uma proposta atractiva para jovens bandas. O “low cost”, não pagar renda,e a qualidade das instalações são algumas das vantagens relativamente as propostas anteriores. Neste contexto, destaque para o novo espaço “Inside-Out, inaugurado em Junho do ano passado no Centro de Apoio à Criação de Empresas, CECA Cultural, do Porto. O Inside-Out oferece-se como uma ampla sala, com excelente acústica e equipamento musical à disposição das bandas para ensaios com os olhos voltados para o rio Douro. Os fundadores do espaço Cláudio Figueiredo e Sofia Valentim sentiram que na cidade do Porto existe um boom de bandas. A quantidade e a qualidade do grupos é um dos factor impulsionadores da ideia. “Este projecto nasceu de uma necessidade que também nós já sentimos na pele, de ter um espaço em condições para tocar”, confessa Cláudio. Dos DR Sax para um sem número de bandas paralelas da electrónica ao rock, o músico partiu da sua própria vivência para criar um espaço alternativo, capaz de satisfazer uma carência no mercado musical. “Já passei pelo Stop e sei da importância de se tocar numa sala em condições”, confessa. Para o mentor do Inside-Out, uma das grandes vantagens de se ensaiar num espaço como este é o factor rentabilidade, “as bandas estão mais concentradas e procuram aproveitar o tempo de forma criativa”, afirma, concluindo que “quem toca aqui uma vez fica logo viciado”. Foi o caso dos StrangeVersion. “Ensaiavamos na minha casa e era uma confusão. Mal começavamos a tocar, era ouvir os vizinhos a baixar os estores. Agora, desde que nos mudámos para aqui, não tem nada a ver”, afirma Hugo Mesquita, guitarrista da banda.
Para além da sala de ensaios, o Inside-Out oferece ainda aulas de músicas e gabinete de agenciamento. Outro dos objectivos do projecto passa por se afirmar como espaço de convívio entre músicos. “Estamos a organizar jam-sessions, a ideia é colocar os músicos a trocarem ideias a conviverem”, afirma Cláudio Figueiredo.
No contexto das salas de ensaio à hora, outro espaço possível passa inevitavelmente pelo Baixa a Tola, em Matosinhos. O proprietário, J. Martins pede descrição. Aluguer informal num local oculto do comum dos mortais mas bem conhecido da comunicade musical do Porto. Para aceder a um dos dois espaços disponíveis tem, naturalmente, de se baixar a cabeça. Fã dos New Model Army recorda com alguma saudade a década de 90, como “os anos mais concorridos no Baixa a Tola. Agora a malta está desempregada e sem dinheiro. A música para muita gente é mesmo um luxo”.

“A falta de dinheiro aniquila muitos talentos”
Das salas de ensaios directamente para o estúdio. Outra das grandes novidade no mercado da musical do Porto é o Estúdio da Ribeira. De portas abertas desde Agosto do ano passado no belo Largo de S. Domingo, o espaço transpira a granito e afirma-se como um “must” na área da gravação. Com o fascínio pela música e o prazer pela tecnologia a andarem de mãos dadas e com olhos voltados para o Douro, o Estúdio da Ribeira acolhe produção de maquetes, álbuns e “jingles” publicitários. Carismático e experiente, com trabalhos produzidos ao lado de Mário Barreiros, José Fontefria, mentor do projecto, revela a filosofia e identidade do espaço. “Decidi abrir um estúdio por que senti que se perde muito talento por falta de dinheiro. Existem músicos com material excelente não chegam a gravar porque os estúdios pedem fortunas. Quando ouço maquetes de bandas jovens e me dizem que gastaram 700 contos, digo-lhes que foram roubados”. Segundo o produtor a ideia base do projecto é promover “aquilo que melhor se faz por cá”. Não se trata do sindroma Robin Wood, mas de uma vontade genuína de ajudar quem tem poucos recursos financeiros e muita exigênca em termos de qualidade. “Sinto que o Porto tem realmente muita gente nova com talento. Apesar de isto ser um negócio, faço o possível e às vezes o impossível para ajudar quem precisa. Não gosto de ver talentos desperdiçados”, afirma.
Assumindo a papel do produtor como “alguém que peneira o som, tentando separar o ouro da areia e realçar o melhor que há em cada músico”, o José Fuentefria aconselha bandas que estão pensar em ir para estúdio. “Fundamental é terem a lição preparada, saberem gerir o tempo e programarem bem o que vão tocar.” Num estúdio tempo é dinheiro.
No entender do responsável pelo espaço, actualmente as bandas estão cada vez mais preparadas para gravar e “talentos não faltam, é necessário é dar espaço, atenção e liberdade criativa aos músicos com gosto e vontade de trabalhar.” Estúdio da Ribeira um espaço interessantíssimo para descobrir no circuito musical do Porto.


Antes de sairem da garagem…
Conselhos e cuidados a ter antes de se alugar uma sala de ensaios. Tempo, espaço e, naturalmente, dinheiro são três factores base. O espaço deve ser pensado em função do tempo disponível da banda para ensaiar. Se a febre da música for unicamente de sábado à noite o melhor será alugar um espaço à hora. Ganha-se em rentabilidade e poupa-se dinheiro. Se, pelo contrário, os ensaios forem intensivos, aconselha-se uma visita aos centros comerciais, onde se podem encontrar espaços interessantes a partir de 100 euros por mês. Na altura da escolha, cuidado com os vizinhos, estes podem ser uma banda de metal mais do que pesado e ganharem na batalha dos decibéis, e cuidado com a acústica própria do espaço, provavelmente requer adaptações. Se o dinheiro não chegar, o ideal é convidar uma banda amiga para dividir as despesas, perde-se intimidade, mas reduz-se para metade o orçamento. Outro dos factores essenciais é a segurança. Convém encontrar uma espaço que tenha segurança, não vá o diabo tecê-las e perderem numa noite um investimento de anos.

Wednesday, November 15, 2006

Solidariedade: apresentação do projecto: A-cause


Os leitores mais atentos do vício já se perguntaram como é que ficou o projecto A-Cause, anunciado aqui em primeira mão. Após vários meses de gestação o cd-single prepara-se finalmente para conhecer a luz do dia. Com a apresentação oficial do projecto agendada para este sábado, às 15h, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Gaia, e o tema "bring back the sun" em rotação na bestrock, espero muito sucesso para a iniciativa que juntou pela primeira vez em Portugal uma significativa plataforma de músicos (entre os quais se destacam Rui Reininho, Rui veloso, Mesa, Xutos, Blind Zero, Ez Special, Fingertips, entre muitos outros) em torno de uma causa comum, ajudar a AMI e os refugiados do Sri Lanka. Para mais informações fica o link A-Cause

Thursday, November 09, 2006

Reportagem: Salas de ensaio - parte III

“A falta de dinheiro aniquila muitos talentos”

Das salas de ensaios directamente para o estúdio. Outra das grandes novidades no mercado da musical do Porto é o Estúdio da Ribeira. De portas abertas desde Agosto do ano passado no belo Largo de S. Domingo, o espaço transpira a granito e afirma-se como um “must” na área da gravação. Com o fascínio pela música e o prazer pela tecnologia a andarem de mãos dadas e com olhos voltados para o Douro, o Estúdio da Ribeira acolhe produção de maquetes, álbuns e “jingles” publicitários. Carismático e experiente, com trabalhos produzidos ao lado de Mário Barreiros, José Fontefria, mentor do projecto, revela a filosofia e identidade do espaço. “Decidi abrir um estúdio por que senti que se perde muito talento por falta de dinheiro. Existem músicos com material excelente não chegam a gravar porque os estúdios pedem fortunas. Quando ouço maquetes de bandas jovens e me dizem que gastaram 700 contos, digo-lhes que foram roubados”. Segundo o produtor a ideia base do projecto é promover “aquilo que melhor se faz por cá”. Não se trata do sindroma Robin Wood, mas de uma vontade genuína de ajudar quem tem poucos recursos financeiros e muita exigênca em termos de qualidade. “Sinto que o Porto tem realmente muita gente nova com talento. Apesar de isto ser um negócio, faço o possível e às vezes o impossível para ajudar quem precisa. Não gosto de ver talentos desperdiçados”, afirma.
Assumindo a papel do produtor como “alguém que peneira o som, tentando separar o ouro da areia e realçar o melhor que há em cada músico”, o José Fuentefria aconselha bandas que estão pensar em ir para estúdio. “Fundamental é terem a lição preparada, saberem gerir o tempo e programarem bem o que vão tocar.” Num estúdio tempo é dinheiro.
No entender do responsável pelo espaço, actualmente as bandas estão cada vez mais preparadas para gravar e “talentos não faltam, é necessário é dar espaço, atenção e liberdade criativa aos músicos com gosto e vontade de trabalhar.” Estúdio da Ribeira um espaço interessantíssimo para descobrir no circuito musical do Porto.

Saturday, October 21, 2006

Reportagem: Salas de ensaio - parte II

“Este espaço é a nossa segunda casa”
Nesta nocturna viagem por espaços alternativos de ensaio na Invicta, fugimos mais para norte da cidade, entrando na freguesia de Ramalde, encontramos o “edifício Chrysler”, na rua Delfim Ferreira. Construído nos anos 60 por um dos grandes nomes da arquitectura portuguesa, Artur Andrade, responsável, entre outros, por projectos tão emblemáticos na cidade do Porto como o cinema Batalha, o prédio de escritórios acolhe temporária e alternadamente perto de uma dezena de bandas.Os primeiros sons a ecoarem no edifício foram destilados pelas Amarginhas, com a voz da Fatuxa a embalar a casa desenhada pelo avô, Artur Andrade. O projecto entretanto extinto, cedeu lugar, na aurora do novo milénio, aos Checkpoint Charlie. João Pedro (a.k.a. Jp Sarembe) acompanhou ambas as bandas e conhece como poucos os cantos à casa.
Na entrada do piso quatro, azulejos à antiga portuguesa avisam o visitante. “Nesta casa só têm lugar os que concorrem para o seu engrandecimento”. Duas portas para lá do som dos Columbia, que freneticamente debitam um metal de surpreendente qualidade e arrojo, os Checkpoint Charlie apresentam a sua “segunda casa”. “É mesmo isso. Se calhar ainda passamos aqui mais tempo do que na nossa habitação primeira”, afirmam apesar de actualmente partilharem o espaço com os recém nascidos Mescla. Os Checkpoint afirmam-se como um dos segredos mais bem guardados do Porto. Concertos inesquecíveis no Hard Club e Vilar de Mouros valeram uma base inteligente de admiradores. “Para além dos ensaios, utilizamos este espaço para, juntamente com um grupo de amigos, cruzarmos artes, ideias e culturas – confessa João Pedro – já organizamos aqui, por exemplo, sessões de pintura”.
Mais amplos do que os espaços de centro comercial, os escritórios do “Chrylser” contêm um cheiro a modernidade pop que convidam a um intimismo de “after-hours”. No entanto, quando mais de três bandas ensaiam no mesmo sector, os sons confundem-se e a acústica convida ao desafio do quem toca mais alto. Ao fundo, ainda se ouvem os acordes pesados dos Columbia. “Bem, se fossem aqui os nossos vizinhos do lado era pior” afirma Fernandinho, baterista. Nas paredes, fotografias de concertos, artigos de jornal, creditações. “Já tocamos juntos há mais de 20 anos. Vimos para aqui todos os dias. Este espaço reflete essa vivência em comum e é de facto muito mais do que uma sala de ensaios e uma segunda casa, tem um sentido de história e de pertença muito próprias”, afirmam.
Depois da gravação do EP e de um 2005 pleno de actividade, actualmente o projecto encontra-se numa espécie de descanso sabático para recuperar forças e ganhar balanço para um futuro certamente inovador. O espaço, esse afirma-se como uma república do som e das artes altamente recomendável e que importa conhecer. Silky, Stowaways e Zen já passaram por aqui.

Continua (...)

Thursday, September 28, 2006

Reportagem: Salas de ensaio - parte I

1. Quatro paredes e outros tantos acordes.

Viagem pelas mais recentes e carismáticas salas de ensaio e gravação da cidade do Porto. Oportunidade para conhecer por dentro os locais onde bandas consagradas e novos talentos partem cordas, esfolam dedos e colocam toda a sua arte e engenho ao serviço da música. São espaços reservados, abertos até de madrugada, com histórias para contar, sons para descobrir e conselhos para guardar. Das lojas no centro da cidade até insuspeitos escritórios na periferia, passando naturalmente pela Ribeira de olhar voltado para o Douro, segue-se um acidental e nocturno percurso com banda sonora a cargo dos Repórter Estrábico, Checkpoint Charlie e StrangeVersion.

“Centros comerciais são centros culturais.”
Uma das grandes tendências das bandas em busca de uma sala de ensaio é a ocupação de centros comerciais. Neste admirável novo mundo, o espaço com maior número de bandas por metro quadrado na cidade do Porto é indubitavelmente o Stop. Mais de duas vintenas de projectos habitam a histórica catedral do consumo dos anos 80, actualmente transformada em metrópole do som. Longe da glória de outros tempos, vetada ao declínio pela ascensão dos shoppings de periferia, a antiga superficie comercial da Rua do Heroísmo alberga um número volátil mais crescente de bandas que alugam lojas entre o 2º e 3º piso. Na entrada, um placard antecipa o ambiente musical, anunciando: “Garagem das Guitarras/oficina no nº106”. Dois andares mais acima, pioneiros neste movimento de “ocupação”, encontramos os Repórter Estrábico, os primeiros a invadir o Stop, corria o ano de 1987, inaugurando uma migração de colectivos dos quatro cantos da cidade para o carismático centro comercial.
No número 316, encostados à não menos conhecida danceteria “Porto à Noite” nasceram os temas do excelente “Eurovisão”. Inteligentes e atentos ao fenómeno, o colectivo sentencia: “Se o Dallas tivesse aberto as lojas às bandas provavelmente ainda estaria aberto”, afirma Luciano Barbosa. Para o Líder, “existe aqui um certo retrato marginal do Porto que nos atrai”. Com vinte anos de actividade, mais de metade dos quais ensaiados entre estas quatro paredes, o projecto conhece como poucos as estórias de um espaço que tem acolhido ao longo da última década e meia personagens tão carismáticas como marginais da noite do Porto. De góticos a fadistas, de ritmos africanos ao metal, de prostitutas a senhoras de bem. No Stop ouve-se e vê-se um pouco de tudo, o lado mais cosmopolita e marginal da Invicta. “Já tivemos uma casa de fado mesmo aqui ao lado. Lembro-me da D. Rosa, boa voz, tinha o marido na prisão. Uma simpatia”, recorda o Líder. “Mais do que um centro comercial, o Stop é um centro cultural”, afirma o vocalista do RP.
Existem duas grandes vantagens no aluguer de uma loja num centro comercial para ensaio. A primeira é a segurança. O colectivo reforça essa ideia adiantando que nunca foram assaltados e “até já deixámos as portas abertas e o material na meio do corredor. É o privilegio de ter boa vizinhança”, afirmam. Outra das grandes mais valias é a privacidade. Não têm de dividir o espaço com ninguém. As paredes da sala vestem-se de recordações de 20 anos de actividade, uma espécie de segunda pele tatuada de “souvenires”. Do fio dental da capa de “Eurovisão”, ao charuto do vídeo “Biltre”, passando por “posters” e “creditações” de concertos. Entre ícones religiosos e pornográficos, o espaço reflete a dimensão pop-satírica, inteligente e criativa de um dos colectivos mais carismáticos e cativantes da cidade. “Esta sala não tem nada a ver com os Galitos da Foz onde ensaiávamos. Aqui temos mais espaço, intimidade, um ambiente interessante, onde tudo pode acontecer”, afirma o Líder recordando ainda que quando ensaiaram o tema “Caracoroismo”, do mais recente “Eurovisão”, tiveram um senhor africano, cliente de um restaurante das vizinhanças, a dançar cuduro à porta da sala de ensaios.
Para além do Stop, existem outros espaços comerciais de menor dimensão que também albergam projectos musicais. Roteiro complementar inclui, entre outros, o Sírius por onde passam entre outras bandas X-Wife, Prostitutes e Holocausto Canibal.




(continua)

Thursday, August 24, 2006

Dragão de pedra

"Espectáculo para burgueses", disparou um filósofo de esquerda anónimo com sotaque do norte à porta o Dragão. Não era Jean-Luc Godard num banquete cinematográfico 68. O Beggars Banquet's há mais de três décadas que deixou de ser um espaço conceptual para os pedintes ou arrumadores, com ou sem Morais. Mick esse comeu na Ribeira com o D. Tonho, segundo os paparazzi da Gonçalo Cristóvão. Sem novidades de maior nem grandes exigências. Uma "I can´t get no satisfaction" mediática. Faltaram críticas, sobraram reportagens de quem é o maior fã e directos de inspiração futebolística.

Sunday, February 26, 2006

Bono e Geldof a caminho do Nobel


Estrelas rock Bono e Geldof estão entre os 191 nomeados para o Nobel da paz, segundo a Reuters. Vencedor arrecada 1.3 milhões de dólares. Banda sonora: "Sometimes You Can't Make it On Your Own". Esperemos que sim. O "boy" merece a propina.

Thursday, February 23, 2006

Sala de ensaios Inside-Out

Ontem passei a noite na sala de ensaios Inside-Out no C.A.C.E. Cultural do Porto, no Freixo. Conversei longas horas com os seus fundadores, Cláudio e Sofia. Sinceramente, impressionou-me a beleza do espaço, o poder de iniciativa dos jovens e a atmosfera positiva do projecto. Espero sinceramente que o espaço continue a crescer. A sala acolhe várias bandas da cidade e apresenta-se como um dos "spots" mais interessantes para ensaiar e aprender música. Convívio, alegria e um ambiente de partilha e amizade que merece ser conhecido. Um grande abraço para ambos. Espero que o sucesso continue a acompalhar-vos. O Porto merece espaços assim de interessantes e as bandas têm, de facto, necessidade e encontrarem "ninhos" de convívio, partilha de ideias e amizades com vista para o Rio Douro. Obrigado pela conversa, foi espectacular. Todo o sucesso. Até breve.

Thursday, July 28, 2005

Momento Zen do dia

Entrevistar Dulce Pontes no Aeroporto Sá Carneiro sobre um concerto cancelado e um disco por editar...