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Thursday, November 23, 2006

O Manifesto em defesa da Caixa dos Jornalistas

O Manifesto em defesa da Caixa dos Jornalistas é patético sobretudo pela forma tão incoerente que roça o infantil como revela a dicotomia entre uma classe que se afirma como 4º poder, independente, isenta, distante de qualquer favor ou influência, e, no entanto, não hesita em estender o chapéu ao Governo, chamando e reclamando de direito o que na verdade é um privilégio de classe.
No clube dos jornalistas, na 2:, ouvi a representante do SJ, quando perguntada sobre o vencimento médio dos jovens jornalistas sindicalizados, a atirar o valor de 800 euros... palavras para quê...
Qualquer jornalista sabe que se alguém, hoje em dia, trabalha, ganha e manda nas redacções são os profissionais do sector comercial, esses sim deviam reclamar mais direitos, afinal são os "gatekeepers" do jornalismo "made in Portugal"... afinal se não fosse a publicidade não haveria jornalistas com ou sem Caixa.

Thursday, November 16, 2006

Revista de Imprensa: "Cultura com mais peso na economia europeia do que sector automóvel"

Provavelmente a manchete que o "Jornal de Notícias" queria ter. O "Público" de hoje abre a sua primeira página com uma matéria bastante interessante, tendo em conta os meus posts anteriores, como por exemplo o mais recente "Subsídio(in)dependências", relativamente às políticas culturais do economista e presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio. O estudo da União Europeia, abaixo citado pela jornalista Joana Gorjão Henriques, serve de ilustração aos argumentos por mim avançados sobre a polémica dos subsídios. O grande erro do autarca social-democrata não é tanto o ceder ao populismo do agradar aos eleitores que o elegeram, tal como o próprio, pobres em hábitos culturais, essa é uma opção política válida em democracia, aliás os resultados eleitorais assim o demonstram. Não é obra do acaso a reeleição de Rio. A grande incoerência do autarca é a de não se assumir como um político populista e esconder-se por detrás de uma falsa moralidade e rigor orçamental para justificar um desinvestimento brutal na cultura. Uma medida que nem política nem economicamente se revela acertada. Mais do que qualquer outro sector, o Porto é uma cidade com um enorme potêncial em termos de turismo cultural. Museu de Serralves e a Casa da Música são dois pilares de uma capitalidade cultural ainda por edificar.

É a cultura, estúpido!
Por Joana Gorjão Henriques / Público
"Um estudo da União Europeia mostra que a cultura contribui mais para a economia dos 25 do que os automóveis. Por isso deve passar a ser uma prioridade. Exemplos como o Guggenheim de Bilbau, que "salvou a cidade", atestam o poder de um sector que tem sido ignorado por os governantes acharem que é um custo, em vez de um investimento. Em Portugal, é o terceiro principal contribuinte para o PIB, a seguir aos produtos alimentares e bebidas".

Wednesday, November 15, 2006

Revista de Imprensa: "Cavaco foge de Lula no Brasil"


Primeira página, manchete, do semanário SOL: "Cavaco foge de Lula no Brasil". Segundo o jornal "O presidente esteve no Brasil mas o Planalto não soube da sua presença. Os desencontros com Lula vêm de longe. Em Belém ninguém esqueceu ainda a ausência do chefe de Estado brasileiro na posse de Cavaco Silva. Este explica que se tratou de uma visita privada e não diz nem mais uma palavra".
Considero particulamente interessante esta notícia do "Sol" não tanto pelo seu impacto político, praticamente nulo, mas pelo seu significado civilizacional. É quase patético como comportamentos protocolares em vez de espelharem a cultura dos povos que os abraçam, roçam a marginalidade quase infantil do "quem não me visitou primeiro foste tu". Em vez de sentirmos presidentes da república que representem o sentido cada vez mais descomplexado e próximo entre dois povos irmãos, assistimos a fugas protocolares tão infantis quanto civilizacionalmente preocupantes.
Felizmente, os dois povos conseguem ultrapassar as limitações dos seus presidentes da respública e comunicar num interesse comum, nas artes e cultura, cada vez mais descomplexado, sincero e inteligente. Mais uma vez, são mesmo os povos a dar exemplo aos seus representantes. Estes últimos se estivessem um pouco mais atentos a quem os elegeu certamente poupariam uma série lamentável de equívocos.

Friday, November 10, 2006

A subsídio(in)dependência

Nada do que se está a passar entre a câmara do Porto e os agentes culturais da cidade me surpreende. Já muito escrevi, desde 2001, sobre o pensamento e comportamento de ambos. Desde cedo, senti que o choque era inevitável. Trata-se de uma novela dramática em estilo, pobre em conteúdos e previsível nas formas. Sinal dessa pobreza ideológica, é o mais recente debate sobre a retirada dos subsídios a fundo perdido que traduz uma série de equívocos gerados por ambas as partes. O artigo "O Outro lado do Rio", de António Pedro Vasconcelos, publicado este sábado no "Sol" é mais um sinal desses equívocos.
Se por um lado, o discurso dos agentes culturais baseia-se erroneamente no axioma de que Rui Rio não tem uma política cultural para a cidade e de que onde lhe falta sensibilidade artística sobeja dureza e rigor ecomómico, por outro o autarca perde coerência política ao vender austeriadade e rigor orçamental e, em nome do populismo e das sondagens, perder a oportunidade histórica de rentabilizar um dos grandes trunfos turísticos e económicos do Porto, a sua capitalidade e potencial cultural. Rio não tem coragem de remar contra a pobreza cultural do eleitorado que o colocou à frente da câmara, é neste sentido que merece o epíteto de populista.
Em termos meramente políticos, ainda de recordo de uma interessante conversa que tive com Rio, em plena ressaca da Capital da Cultura. Na altura, trabalhava para "O Comércio do Porto". Estávamos nos corredores da cooperativa Árvore. Num diálogo pleno de sinceridade, em off, Rio confessou que a sua preocupação eram os bairros sociais e a segurança, não a cultura por esse ser o desejo da maioria dos portuenses que o elegeu. Nada podia estar mais perto da verdade. Rio disse-me ainda que segundo estudos de opinião que tinham chegado ao seu gabinete, quando perguntados sobre quais os aspectos mais preocupantes da cidade, áreas de actuação, os portuenses colocavam os bairros sociais e a segurança no topo da lista. Temas como a cultura e o lazer não tiravam o sono a ninguém. Como político, Rio pensa e move-se pelo eleitorado que o legitima nas urnas. A esquerda intelectual e elitista da cultura portuense por mais razão que possa ter, não coloca Rio no poder, a sua expressão eleitoral é desprezível. É neste sentido, Rui Rio é um político populista. Responde aos gostos do seu eleitorado. A partir de agora em vez de acolher um texto de Harold Pinter às moscas, o Rivoli vai encher para receber encenações do La Féria. Recorde-se que no Teatro Sá da Bandeira, Rio chegou a comprar centenas de bilhetes da "Rainha do Ferro Velho" para oferecer aos seus inquilinos dos bairros sociais.
Agora em termos culturais importa uma nova série de reflexões. Os produtos artísticos, apesar de tendencialmente comerciais, nem sempre são imediatamente rentáveis (uns por falta de talento comercial outros por excesso elitismo artístico). A qualidade do "produto" não sempre anda de mãos dadas com a sua rentabilidade a curto, médio ou longo prazo. Se um "filme da treta" conquista as bilheteiras nacionais, seduzindo mais público português e ganhando mais dinheiro em dois meses do que Manoel de Oliveira em toda a sua carreira, isto não significa que, enquanto proposta artística, a dita comédia seja superior ao qualquer uma das das propostas de Oliveira. O Ministério da Cultura, através do ICAM, continua a financiar Oliveira com um ou dois milhares de contos por filme não por esperar um grande êxito de bilheteira, mas por saber que os seus títulos são uma bandeira de Portugal no mundo da "sétima arte". Apesar dos portugueses não se identificarem com as cores da "bandeira" de Oliveira e ser falsa a ideia vendida em Cannes ou Veneza, o Portugal cinematográfico cresce autónomo do público, e o autor d´"O Convento" tem já escritas várias páginas de ouro na história do cinema mundial.
Política e cultura chocam desde logo por serem de natureza distinta. A primeira é uma ciência tendencialmente conservadoram enquanto a segunda alimenta-se da ruptura. Na primeira, uma vez eleitos, os representantes do povo rapidamente se esquecem de quem os elegeu. O povo só merece atenção na medida em que contribuir para a sua manutenção do poder. Na segunda, a cultura, essa existe no movimento, na ruptura, na criatividade. Numa sociedade de raíz judaíco-cristã a ligação destes dois universos numa era pós-moderna cria inevitavelmente fracturas. Lamentavelmente, sem Renascença ou Iluminismo, Portugal continua afastado na Europa em aspectos bem mais importantes do que os económicos PIB ou dívida externa. Infelizmente, a cultura e a arte continuam ausentes do discurso político e este traduz, inevitavelmente, uma pobreza intelectual e estética cada vez mais lancinante. Quanto mais desisteressado o povo estiver da política, melhor para os políticos. A ausência de cultura é uma das ferramentas mais antigos na perpetuação do poder político.

Sunday, September 17, 2006

"Waiting for the Sun"

Esperei toda a semana pelo nascimento do novo Sol. Sinceramente, não me arrependi. Gostei do que li. Inteligente como projecto jornalístico, o novo semanário para além de ocupar um importante espaço na imprensa escrita, vem, desde logo, animar um mercado que, há quase meia década, necessitava de um abanão para sacudir o excesso de conservadorismo e absorver alguma, da tão necessitada, inovação. Com as falências d´"O Comércio o Porto" e d´"O Independente", a mudança de sexo do "Blitz" e o declínio do "Expresso", o "Sol" vem, de facto, brilhar e mostrar que a vida é possível em cenários de crise, trazendo novos públicos para a leitura dos jornais e roubando alguns, não muitos, ao "Expresso".
No corpo do semánário surpreendeu-me, logo a abrir, a "Entrevista Imprevista", de José Fialho Gouveia à socióloga Maria Filomena Mónica; o editorial de JAS sobre o encerramento das maternidades, assunto importante não só pela natureza política "contranatura" de um governo dito socialista, mas também pelas gravíssimas consequências sociais. Com a secção-mãe "Política&Sociedade" a mandar no jornal, seguem-se temáticas mais populares de crimes, alguns com outros sem castigo, em "Conversas na Prisão" e "Asfalto", entrecurtadas com reportagens de descompressão como "Jornalista aos 13 anos" ou "Mais fácil ser mãe", num regresso à terra dos zés e das marias, do Portugal profundo afastado os corredores de S. Bento.
Com tema de capa "Bebés Trocados", uma novela da vida da real, uma clara piscadela de olho ao público feminino, na "Tabus" surpreendeu-me sobretudo a veia de crítico cinematográfico de Paulo Portas. Uma delícia.
Em termos gerais gostei do projecto, espero e desejo um futuro radioso para o "Sol". Não é todos os dias que nasce um jornal num país onde ler é quase um acto de resistência cultural.

Monday, August 28, 2006

Quem irá tomar conta do Rivoli?

É, indubitavelmente, uma das questões mais empolgantes da "rentrée" cultural do Porto 2006. Após cartão vermelho à "dispendiosa" CulturPorto, a calculadora de Rui Rio vira-se agora para Mário Dorminsky, Filipe La Féria ou Luís Montez? Cinema fantástico, Broadway à portuguesa ou Música no Coração/Rádios ao metro? Haverá ainda um quarto ou quinto elemento? Tal como Saramago ao "el Pais", como optimista bem informado aposto na prata da casa, no "el chefe", actualmente a laborar na outra margem do RIO. Isto apesar do "namoro" La Féria-Rui Rio no Sá da Bandeira e das relações quase pornográficas entre a autarquia e a Rádio Festival, com Jardins do Palácio a serviram de dote para noivados "on FM stereo". De qualquer forma aceitam-se apostas sobre quem irá tomar conta do Rivoli.

Monday, January 23, 2006

A guerra das rosas


Graças a Guerra das Rosas, Cavaco ganha a Presidência da República Portuguesa. Pela primeira vez, a Esquerda oferece Belém a uma social-democracia de "todos os portugueses". Inédito. Manuel tem razões para estar mais Alegre. Finalmente, Soares abandona a cena política pela porta dos fundos. Sócrates, esse, espera ansiosamente pelo regresso de Guterres, o caminho está mais do que aberto.
Gostei de ver a SIC à porta de Cavaco, enviando recados para o interior do "bunker". "Se me está ouvir venha à janela". Desconcertante. Jornalismo "à americana" com toques provincianos tipo NTV. Afinal parece que o D. Sebastião mora em Lisboa e gosta de cantar "Grândola, Vila Morena". Quem diria. Os vizinhos dizem que é um extra-terrestre muito educado com poderes para "meter o país na ordem". Ao final da noite MIB invadiram o CCB. "Portugal Maior".

Na origem da tragédia mais do que anunciada está desde logo, a máquina PS que revelou um autismo típico dos aparelhos de Estado pouco habituados a ler a realidade política para além dos corredores do poder. Cavaco vai para Belém com bênção de Soares e de uma Esquerda de comadres tristes e ciumentas.

Sunday, August 14, 2005

A "Alternativa" ao COMÉRCIO

Mês de Agosto promete momentos históricos para a imprensa "made in Portugal". Poderá "O Comércio do Porto" renascer das cinzas como cooperativa de jornalistas? A "Alternativa" já está em marcha. Novidades para breve...

Saturday, July 30, 2005

Luto

"O Comércio do Porto" morre hoje com 151 anos. Portugal continental perde a seu mais antigo jornal, o Porto uma referência histórica, eu o meu emprego... Agosto não será um mês de férias, mas de luto pela perda física e emocional e de luta por um lugar de trabalho e sustento. Guardo memórias e reflexões sobre esta semana negra e desconcertante para mais tarde. Desculpem-me, mas sinceramente, ainda estou um pouco abalado... vi e senti gente que admiro, companheiros de trabalho, amigos, excelentes profissionais a chorarem de impotência e desespero... a forma como o pessoal está a ser despedido de um jornal centenário numa cidade invicta faz-me lembrar, com todo o respeito, os operários de uma qualquer multinacional do calçado a laborar no Bangladesh... é revoltante a lógica selvagem do lucro sem rosto nem moral e a impotência e, por vezes, cinismo de algum poder político.

Thursday, July 28, 2005

Saldo da semana: compre um, leve dois

"O Comércio do Porto" e "A Capital"

Thursday, July 21, 2005

Perplexidades

Hoje de manhã avistei um grupo de jovens a correr pela Rua da Alegria em direcção aos Aliados. Será que foi um arrastão?

Tuesday, July 12, 2005

Tropas norte-americanas fora de Londres

Os cerca de 12 mil soldados norte-americanos, na sua grande maioria estacionados nas bases de Lakenheath e Mildenhall em Suffolk, foram ontem aconselhados para não se aproximarem de Londres. Familiares e pessoal de serviço receberam a mesma nota para se manterem afastados da capital britânica. Um porta-voz da USAF afirmou que se trata apenas de "uma medida de prudência para garantir segurança aos nossos soldados, civis e suas respectivas famílias". Uma medida que, para além de entrar em rota de colisão com o discurso do sempre destemido Bush, abre um precedente nas relações USA/GB. A resposta mais adequada de Blair seria, desde logo, retirar as tropas britânicas do Iraque, utilizando o mesmo argumento de segurança. Ou será que Londres é uma cidade mais perigosa do que Bagdad?

Artigo da semana: "The Thoughtful Superhawk"

"America did not change on September 11, it only became more itself"
"The Thoughtful Superhawk" título/hiperligação da entrevista de Susan Windybank a Robert Kagan publicada na Policy. Leitura obrigatória para compreender a origem de alguns pontos de atracção e repulsa entre Europa e EUA.

Perplexidades

Ressaca 2001 - Capital Europeia da Cultura travou trabalho de cruzamento e construção de novos públicos e sensibilidades artísticas na cidade, alimentando um novo-riquísmo latente na burguesia provinciana do norte. Actuamente, grande prémio de automóveis antigos de Rui Rio acelera na Boavista e a "Amália" (em versão internacional) de La Féria regressa ao teatro desta vez no Sá da Bandeira. Por vezes, sinto que a cidade, depois de parar no tempo, iniciou uma inversão de marcha rumo ao passado. Qualquer dia, ao cruzar a Av. dos Aliados ainda sou confrontado com uma ruidosa feira medieval.

Saturday, July 09, 2005

G8: Realidade e Justiça

Para os mais pessimistas um sucesso, enquanto para a maioria dos activistas uma desilusão. Provavelmente, ambos têm razão. O G8 conseguiu, por um lado, duplicar a ajuda para combater a fome e a SIDA em África, mas por outro, relativamente ao comércio justo e às alterações climáticas tudo permanece na mesma. Um olhar esquemático sobre as expectativas e a realidade saída dos G8.
1. Fome/SIDA - Inicialmente esperava-se 10b de dólares a partir de 2006, com 25b extra para África. No acordo final, Blair conseguiu 50b, mas só entram em acção - para grande descontentamento das ONG´s e activitas - a partir de 2010, ou seja quatro anos mais tarde do inicialmente previsto. Segundo a organização "Make Poverty History", em 201o, morrerá uma criança a cada 3,5 segundos. Um atraso que afecta ainda 40 milhões de pessoas infectadas com HIV. No entanto, mesmo os mais cinicos reconhecem a coragem e justiça da medida. Gedolf e Bono consideram-na como "um primeiro e importante passo rumo à justiça". O efeito "Live8" fez-se sentir. Fala-se de Geldof para Nobel da Paz. Entretanto, nota mais do que importante para os 3b oferecidos à autoridade palestiniana, um passo importante para assegurar a paz naquela região.
2. Dívida - Ministros das finanças dos G8 sublinharam, desde logo, que o custo do cancelamento da dívida dos 18 países africanos ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional custaria perto de 40b. No texto final, o perdão da dívida aos 18 é reactualizado com juros, atingindo 45.7b. Outro dos grandes avanços desta cimeira.
3. Comércio - Activistas denunciavam que os mais ricos gastavam 300b por ano em subsídios à agricultura para exportação, travando a entrada no mercado de produtos africanos. Queriam, desde logo, que estes apoios acabassem o mais cedo possível. O chanceler Gordon Brown avançou com data de 2010, tendo sido rapidamente descrita pelo comissário europeu para o comércio, Peter Mandelson, como "irrealista". A França aproveitou a boleia, querendo adiar a questão até 2016. Não houve qualquer acordo nesta matéria nem qualquer data avançada para terminar com os subsídios, formalizando assim um dos maiores fracassos de toda a cimeira. O G8 apoia cada país a fazer o que muito bem entender nesta matéria. O texto final apresenta, no entanto, uma nota de intenções, que aponta para "o compromisso de eliminar todas as forma de subsídio à exportação... até uma data crível".
4. Aterações climáticas - As expectativas dos ecologistas eram naturalmente elevadas, mais do que o reconhecimento do problema do aquecimento global do planeta devido à actividade humana, esperavam do G8 medidas firmes e urgentes, sobretudo na adopção de tecnologia amiga do ambiente. Se os EUA se aproximassem do tratato de Quioto seria um avanço significativo, pois, para além de serem o maior poluidor, são o único do grupo que ainda não assinou o tratado. O texto final admite a existência do problema e da necessidade de actuar nada mais. O plano saído de Gleneagles dá luz verde para uma série de conversações sobre energias amigas do ambiente com países industrializados como a China e Índia já a partir do próximo mês do Novembro. EUA não se comprometeram a reduzir emissões de CO2 ou a assinar Quito. Para os ecologistas, este G8 foi uma oportunidade perdida para realizar progressos na área ambiental.
Notas finais: Apesar de globalmente notável, a cimeira do G8 me Gleneagles, na Escócia, sobretudo no que diz respeito à ajuda a África, mais do que nas questões do comércio e ambiente, necessário será desenvolver mecanismos de controlo na atribuição dos apoios e um olhar mais atento sobre governos africanos. O problema da corrupção em África é uma das causas centrais da pobreza de um continemente geneticamente rico. Se não se efectivar um controlo maior sobre os resultados e aplicação deste apoio no terreno, os subsídios serão mais lenha para a fogueira.

Friday, July 08, 2005

As Cruzadas contemporâneas ou a maldição de Bush regressa à Europa

Nas manchetes da imprensa britânica de ontem podia ler-se "One Sweet Word: London." A cidade não teve tempo para ressacar a vitória olímpica sobre os eternos rivais franceses nem Blair para sorrir na Escócia perante um aparentemente fleumático Chirac. As explosões no Metro e nos autocarros londrinos acordaram o mundo ocidental para a fenómeno da terrorismo.
1. Quanto vale uma vida iraquiana?
É impressionante como perto 50 mortos numa capital europeia conseguem gerar mais de 12 horas de indignação internacional em directo, enquanto perto de 900 mortos de fome por hora em África são uma banalidade indigna de um simples rodapé no telejornal da noite. Será que um míssil Tomahawk lançado, por engano, sobre um infantário, em Basorá, não merece igual atenção mediática, 12 horas de directos e centenas de condenações internacionais com outros tantos pêsames à mistura? Qual o valor real de uma vida britânica em comparação com uma palestiniana? Uma criança russa é mais importante do que uma iraquiana?
A lógica do terror impõe-se como um monstro só quando bate à porta do vizinho mais próximo.
Cedo as ondas de terror se levantaram nos "mainstream media", recheados de emoção e pesar, ocultando, desde logo, a verdadeira natureza do "mal", da morte, legitimando a "protecção" e alimentando a "acção" do líderes no poder. As estações de televisão multiplicaram-se em reacções de pesar, em lamentações e condenações destes actos condenáveis por natureza. Falou-se de civilização, de choque de culturas, de estilos de vida em vez de se reflectir sobre o por quê, das razões do ódio, gritaram-se mensagens de guerra como "não nos vamos intimidar", "não vencerão". Bush cedo acusou estes "monstros" de "terem o mal no coração".
2. Não estará a Europa a colher o mal que semeou?
"On the one hand, we got people here who are working to alleviate poverty and to help rid the world of the pandemic of AIDS and that are working on ways to have a clean environment. And on the other hand, you've got people killing innocent people. And the contrast couldn't be clearer between the intentions and the hearts of those of us who care deeply about human rights and human liberty, and those who kill, those who've got such evil in their heart that they will take the lives of innocent folks. We will spread an ideology of hope and compassion that will overwhelm their ideology of hate." " G.W.Bush, 07/07/05
A explicação do presidente dos EUA para os atentados de ontem longe de ingénua é assustadora no sentido mais tétrico do reformular a história pós-moderna através da simplificação que oculta o essencial. Orwell há muito que deixou de ser um profeta. A política neoconservadora dos falcões da Casa Branca é uma das causas centrais destes ataques terroristas. Tende, sob a falsa moralidade da compaixão, converter o mundo árabe à "pax americana". Uma nova cruzada parece erguer-se. Novo milénio abre-se ao terror e brutalidade medieval exponenciada pelas novas tecnologias da guerra financiada pela Lockheed Martin, empresa que Lynne Cheney, esposa de Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, tão bem conhece. Só os mais ingénuos se podem dar ao luxo de ficar surpreendidos com as explosões de ontem em Londres. Não estará a Europa a colher o mal que semeou e uma aliança com os EUA contra a opinião e o bom senso público?
Importa recordar que na mente de toda uma nova geração de árabes ainda está bem viva a invasão do Afeganistão, Iraque, uma substituição de ditadores, o desaparecimento, tortura e morte de familiares. As imagens de tortura em Abu Ghraib, que atingiram meio mundo em April do ano passado, podem ajudar a compreender o presente.

Wednesday, July 06, 2005

Blitz à "24 horas"

Foto, capa e repectivo tema central do Blitz desta terça-feira são históricos sob vários aspectos. "As Canções de Engate - As músicas do Salão Erótico e as outras que fizeram lá falta" é uma afronta clara ao "24 horas" que parece finalmente conhecer no novo Blitz um insuspeito concorrente. A fotografia de capa remete para um universo porno-popular que, sinceramente, me surpreendeu, pois julgava ausente das apostas editoriais portuguesas ligadas aos universos musicais. Depois de piscar o olhos à NME, a mais recente metamorfose do Blitz revelou nesta semana uma pulsão pela vulgaridade unicamente comparável ao pior do audiovisual português ou à versão brasileira Blitzerótica. Espero pelo engano.

Cultura nacional a pique

Ballet Gulbenkian extinto pela respectiva fundação. Capital Nacional da Cultura em 2006 anulada pela ministra da Cultura. Companhias teatrais do Norte em coma induzido pelo Instituto das Artes. Entretanto, vamos ter OTA´s e TGV´s. É o regresso à política do betão.

Thursday, June 23, 2005

Ministra da Cultura dá subsídio de sobrevivência

Aparentemente a acção de encobrir a estátua de Almeida Garrett, em frente à CMP, protagonizada pela Art´Imagem, e o ultimato consequente, da Plateira, em direcção ao Ministério da Cultura deram resultados. Paliativos é certo, mas com a promessa de Isabel Pires de Lima de "oferecer" dez mil euros às companhias de teatro no Norte, significa que estas já podem contar com algum dinheiro pelo menos para pagar parte dos juros à banca. Entretanto, a cultura teatral a norte encontra-se refém do Tribunal Administrativo do Porto. Espera-se e desespera-se. De Paulo Cunha e Silva nem uma palavra. O silêncio do Instituto das Artes torna-se cada vez mais ensurdecedor.

Thursday, June 16, 2005

Garrett de olhos vendados

Protesto com elevado peso simbólico, a companhia Art´Imagem encobriu ontem a tarde a estátua de Almeida Garrett, situada em frente à Câmara Municipal do Porto, num criativo protesto dirigido à ministra da Cultura e ao histórico atraso na atribuição dos concursos do IA. A polícia municipal demorou pouco mais de meia-hora até se dar conta da ocorrência, apesar dos José Leitão ter alertado a autarquia e conseguido autorização do Governo Civil. Na realidade, foi quase patético assistir à intervenção da Polícia Municipal que revela o estado de ignorância democrática e deintimidação civil que actualmente atravessa vários sectores da sociedade portuense. Esperemos pelo bom senso eleitorial do povo da Invicta e pelo trabalho de casa do PS. Já falta pouco até Setembro.