Nós e as máquinas
Há algo de extremamente excitante quase erótico no uso das novas tecnologias. Somos afectados de forma inconsciente pela vertigem da velocidade e da potência emanada do núcleo simbólico do universo cada vez mais sedutor dos objectos do quotidiano. Criamos rituais de linguagem. Incorporamos na nossa identidade a identidade das "coisas" tecnológicas que usamos. Queremos ser as máquinas que utilizamos e estão na "moda". Afirmamos: "Estou sem bateria" ou "estou sem rede". Mergulhamos na identidade colectiva da web com a esquizofrenia segura do "nickname". Somos tudo aquilo que nunca imaginámos que alguma vez poderiamos ser. Gostamos cada vez mais de um "nós próprios" ausente e distante no mundo já não concreto de átomos mas digital de bits. Expandimos o nosso sistema nervoso central para além dos nossos limites físicos e psicológicos. Optamos por adquirir um automóvel com uma velocidade máxima duas vezes superior à que alguma vez teremos a oportunidade de usar. Queremos ter a certeza de que se alguma vez na vida necessitarmos de "andar" a 340 à hora, temos "máquina" para isso. Sentimo-nos confortados, seguros, superiores. As potências das nossas máquinas são uma extensão, uma prótese da nossa própria potência, do nosso próprio sexo. Sugestão: A filmografia de David Cronenberg com "Videodrome" à cabeça.
1 comment:
bloody nasty. where did you get that.
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