heroi
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Sunday, January 30, 2005
"O Herói" português triunfa em Sundance
É a primeira vitória portuguesa em Sundance. A proposta “O Herói”, de Zézé Gamboa, co-produzida entre Portugal, França e Angola, conquistou, ontem, o recém criado “World Cinema Dramatic Jury Prize”, prémio reservado ao melhor filme dramático estrangeiro. A narrativa da longa-metragem gira em torno da figura de Vitorino, um jovem guerrilheiro que regressa à capital angolana para, em tempos de paz, tentar refazer uma vida desfeita pela guerra civil. Depois de viver 15 anos num cenário de violência, com uma mina a custar-lhe uma perna, o regresso a casa transforma-se noutra batalha pela sobrevivência, num contexto de desestruturação social, marcado pelo desemprego e pela corrupção generalizada. Estreado em Portugal, no ano passado, o filme não conheceu o êxito de bilheteira, tendo passado completamente ao lado do grande público consumidor de cinema. As estatísticas do ICAM dão ao “Herói” cerca de 300 espectadores nas duas semanas de exibição no circuito comercial português. No entanto, Zézé Gamboa afirmou à RTP que o seu filme conheceu valores de assistência muito próximos das 5 mil presenças, contando, desde logo, com antestreias e sessões especiais. Colocando de lado a guerra de números, no Fantasporto no ano passado, o filme foi recebido com apatia e relativo desinteresse. Com argumento de Carla Baptista e produção de Fernando Vendrel, “O Herói” é a terceira proposta cinematográfica dirigida por Gamboa. O realizador angolado estreou-se na sétima arte com a direcção de ”Dissidência”, em 1999, avançando depois para “Desassossego de Pessoa”, em 2001.
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Friday, January 28, 2005
"O Quinto Império" de Manoel de Oliveira
Após a antestreia mundial no Festival de Veneza, em Setembro último, com Manoel de Oliveira a receber o Leão Douro, por uma vida dedicada ao cinema, Portugal conheceu ontem a entrada em cena d´"O Quinto Império - Ontem como Hoje". Já tive a oportunidade de ver o filme e, tal como tinha prometido aqui no VA, após uma breve conversa com Oliveira e respectivo "post", o filme merece uma reflexão pela temática que sugere e pela atitude simbólica que encerra. Mantendo a ligação história-literatura-memória, basilar na cinematografia de Oliveira, o realizador apropria-se da peça teatral "El Rei D. Sabastião", de José Régio, propondo uma releitura e confronto com a geopolítica do mundo actual, tendo a União Europeia, o terrorismo de islâmico e a guerra norte-americana como principais fantasmas. Em comum, ontem como hoje, emerge o sonho imperialista das grandes potências, os conflitos religiosos, a
supremacia político-ecnomónica do hemisfério Norte, a democracia dos países ditos desenvolvidos imposta e defendida pelo poder bélico. Em Veneza, houve mesmo, entre a assistência, quem visse o filme de Oliveira como uma crítica anti-Bush.
Mais urgente pela actualidade das questes que levanta do que surpreendente pela estética ou narrativa que apresenta, "O Quinto Império" não é o melhor de Oliveira, no entanto, é um filme de sugestão, de pensamento, de solidez inabalável. É na penumbra do sonho sem concretização possível, é no território da utopia, entre o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, que Oliveira filma um D. Sebastião (interpretado pelo neto Ricardo Trêpa) em constante equilíbrio entre o rei louco,obcecado com a expansão do império, desejoso por cumprir Portugal, e o santo/martir predestinado por Deus a espalhar a cristandade. Da visita ao túmulo de D. João II à dramaticidade profética do Sapateiro Santo (Luís Miguel Cintra) passando pela obsessão simbólica da espada de D. Afonso Henriques lançada ao ar, num voo premonitório de uma queda inevitável, num dos melhores planos de todo o filme, "O
Quinto Império" surge na filmografia de Oliveira como um "manifesto" inteligente e conservador sobre incapacidade da alma humana em se transcender na diferença cultural, política e religiosa do outro.
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Wednesday, January 26, 2005
"Dia Maior", de Né Barros, no TeCA
Uma das coreógrafas mais interessantes do panorama nacional de dança contemporânea, Né Barros regressa amanhã, quinta-feira, ao TeCA com mais uma proposta a não perder. Sobre "Dia Maior" já tive a oportunidade, à convite da própria para o TNSJ e por sugestão editorial para "O Comércio do Porto", de expressar por duas vezes a minha leitura sobre o projecto. Observei o espectáculo em dois contextos diferentes, a criatividade, ousadia e profundidade das questões Né Barros levanta continuam a seduzir-me profundamente e a cativar-me pela sua inteligência na abordagem do universo semiótico e relacional do corpo. Depois do desconcertante "Vaga", que para além de ter absorvido grande parte das referências cinematográficas, de Lynch a Cronenberg, que povoam o meu imaginário, levantou-me uma série de questões tão pertinentes quanto inquietantes sobre as extensões autónomas da memória genética do corpo, com o uso, inteligente, das "mala-monitor" e com um conjunto de construções coreográficas cativantes e coerentes, em "Dia Maior" a experimentação, o abandono viagiado, a fuga para as sombras do tempo produziram um espectáculo mais orgânico, conduzindo a problemática das relações inter/corporais, espacio/temporais e de comunicabilidade/identidade por territórios provocantes, sedutores e inquietantes. Na sua quinta colaboraçã com N+e Barros, Alexandre Soares sobe ao palco, contagiando, desde o nascimento até à morte, o mais recente trabalho de Né. Apesar de manter a referências que lhe são quase genéticas da sétimas arte, tão bem expressas na obras de Canijo, o guitarrista dos TTT alimenta movimentos de ruptura com o preconcebido, protagonizando sobreconstruções arrepiantes, surpreendendo pelo dinamismo e criatividade do "live act" apontado em várias direcções do abstrato, outro território que me atrai bastante. "Dia Maior" resulta de vários dias menores em perpétua reconstrução, interiores/exteriores, plurais e unos, dilatados e comprimidos, em micro-narrativas do acordar solitário, do conflito do corpo enquanto objecto de um desejo, símbolo, emissor de signos, à epifania do Outro, enquanto possibilidade última de salvação na descoberta da identidade na comunicação, na transcendência, na metafisicalidade. Proposta a não perder, "Dia Maior" inaugura a amanhã a programação 2005 do TeCA. Dança contemporânea no seu melhor nível no Teatro Carlos Alberto, do Porto, até sábado às 21h30.
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Monday, January 24, 2005
"AMI Pela Ásia": O poder extraordinário da Solidariedade
Ainda estou a ressacar a experiência verdadeiramente singular do concerto "AMI pela Ásia", do passado sábado à noite, no Coliseu do Porto. Para além do evento ter reunido um "best of" da música feita em Portugal, o que mais me impressionou foi o facto do público ter interiorizado, sem recurso a sensacionalismos baratos, o poder da solidariedade e a alegria interior de ajudar os outros. Sentiu-se uma harmonia entre público e bandas absolutamente única, autêntica e invulgarmente emocionante. O prazer de oferecer, de dar sem exigir nada em troca foi, de facto, o elemento essencial que catalizou uma energia superpositiva que fez vibrar o Coliseu do Porto. Hoje falava com a Isabel Martinho, da AMIarte, sobre uma entrevista que deu a uma colega minha de um jornal e perguntei-lhe o que tinha dito, o que é que a marcou mais na noite de sábado, a resposta foi desconcertante: "o facto das crianças e adolescentes que foram ao concerto terem sentido, algumas se calhar pela primeira vez, a alegria de ser-se solidário. Espero que esse sentimento seja marcante nas suas vidas que os torne adultos mais sensíveis às necessidades dos outros". Acredito sinceramente nesse carácter pedagógico do evento, que não nasceu dos discursos, nem dos choradinhos, mas da prática da alegria experiênciada de dar, do poder extraodinário da solidariedade, da partilha. Espero sinceramente que a AMI organize todos os anos um concerto dentro deste formato, para uma causa específica, para um público dos 8 aos 80. Motivos não faltam. Basta recordar que o número de crianças que morrem à fome equivale a um tsunami de cinco em cinco dias. Para além da crueldade e abstração por detrás das estatísticas, ao salvar uma vida estamos, de facto, a salvar um mundo. Obrigado AMI e Porto. Emocionei-me bastante com as boas vibrações do Coliseu.
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Saturday, January 22, 2005
Concerto: AMI pela Ásia no Coliseu do Porto
Grande noite hoje no Coliseu do Porto. Xutos, The Gift, Clã, Mesa entre muitos outros juntam-se logo a partir das 21h00, no Coliseu do Porto, para o megaconcerto "AMI pela Ásia". Naturalmente, lá estarei, não só pela causa e conceito arte-solidária, mas também pelo som e pela amizade que me une as várias pessoas que organizam o evento, em especial à Isabel Martinho, a incansável mentora e produtora de grande parte da iniciativa. A alma anónima por detrás do projecto. Últimas novidades antes do espectáculo: Álvaro Costa será o animador de serviço com Cátia Sul no apoio VJ. Logo à tarde a partir das 18h00, Xutos, Mesa e Fingertips passam pela Fnac de Sta. Catarina para uma maratona preparatória, em formato "show-case", com sessões de autógrafos pelo meio. Após o concerto no Coliseu, "after-party" de descompressão no ACT. Fica o convite. Apareçam...
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Friday, January 21, 2005
Programa da Casa da Música: "Ritual do lo habitual"
Se a presença respeitável do veterano Lou Reed não espantou ninguém, o que dizer da inclusão dos Xutos e Pontapés e Pedro Abrunhosa no programa de abertura da Casa da Música, agendado de 14 a 24 de Abril. Soa, naturalmente, a uma união de facto entre Queima das Fitas e Porto Sound, sobretudo quando os responsáveis apresentam o cartaz como sendo de nível europeu. Segue-se um concerto de Gala, com a Orquestra Nacional do Porto a interpretar "Fanfarra" dirigida pelo maestro António Vitorino e o pianista Alfred Brendel a revisitar Mozart, Shumann, Schubert e Beethoven. Uma desilusão no mínimo ou será que a Europa começa na VCI e termina na Ribeira?
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Música: Vítor Rua no TCA
Para os leitores mais atentos esta chamada de atenção na surpreende, visto que considerei, para espanto de algumas tribos, o concerto do Vítor Rua, no Contagiarte, como o melhor momento "live" de 2004. Para quem não teve a oportunidade de assistir ao referido espectáculo fica a recomendação de logo à noite ir até ao Teatro do Campo Alegre, onde o guitarrista subirá novamente a "Caravan". Registe-se que o concerto insere-se no 2º e inesperado Encontro Internacional de Poesia e Performance do Porto - "Em Voz Alta", evento comissariado por Rosa Alice Branco, com as participações de Alberto Pimenta, Ana Hatherly, Rodolfo Hasler, Valter Hugo Mãe e Dead Combo, entre outros.
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Labels: Música
Dança Contemporânea: "Em Resumo" no Rivoli
A primeira certamente de poucas propostas de dança contemporânea a subir ao palco do do Rivoli. Projecto "Em Resumo" conhece hoje à noite uma única apresentação no Grande Auditório. Fui espreitar parte do ensaio e fiquei com boas indicações. O trabalho lança uma série de pistas de reflexão sobre o corpo enquanto objecto, matéria, utensílio do processo criativo, que me pareceram interessantes, apesar de carecerem de desenvolvimento e alguma criatividade. A concepção e direcção artística é da responsabilidade de Joclécio Azevedo, jovem natural do Brasil, formado no Balleteatro, com grande parte do seu trabalho desenvolvido no Porto, com algumas residências no estrangeiro, a última das quais no Laban de Londres. Dividido em duas partes, a proposta apresenta primeiramente uma reflexão centrada no carácter utilitário do corpo, recorrente dos ambientes marcadamente performativos da obra Joclécio, para depois avançar para um segundo momento de desconstrução de narrativas, procurando oferecer ao espectador uma obra aberta com várias leituras interpretativas.
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Labels: Dança
Thursday, January 20, 2005
Literatura: 82º aniversário de Eugénio de Andrade
Acabo de chegar a casa vindo da Fundação Eugénio de Andrade, aqui no Porto, onde há poucas horas atrás se celebrou o 82º aniversário do poeta. A ocasião foi oportunamente aproveitada pelo Centro de Estudos Comparatistas, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, para editar o nº 5 da revista "Textos e Pretextos", integralmente dedicada à vida e obra de Eugénio de Andrade. Num auditório completamente esgotado, após a vertente académica de apresentação da excelente publicação, a cargo de Rosa Maria Martelo, poetas consagrados, como Manuel António Pina ou Jorge Sousa Braga, e jovens talentos, Rui Lage e Filipa Leal, emprestaram voz à lírica de Eugénio de Andrade recitando poemas e confessando a admiração, respeito e amizade que os une à vida e obra de um dos escritores mais influentes da literatura portuguesa do século XX. Tive, naturalmente, a oportunidade de conversar com algumas das figuras presentes e testemunhar que, para além da habitual troca de galhardetes entre habitantes da mesma "tribo", triunfou uma troca de afectos, experiências e memórias que unem o poeta a uma parte bastante significativa da força intelectual da cidade do Porto. Arnaldo Saraiva, como presidente da Fundação Eugénio de Andrade, presidiu à cerimónia, confessando, no final, que este encontro geracional de autores acaba por manifestar que "apesar da saúde do escritor se encontrar débil, a obra do poeta está viva e com boa saúde".
Destaque final, para a publicação "Textos e Pretextos", dirigida por Margarida Gil dos Reis. Neste nº 5, sob coordenação de José Pedro Ferreira, os estudiosos de literatura têm a oportunidade de encontrar um manancial bibliográfico, passivo e activo, absolutamente incontornável para futuras investigações e um série rigorosa de sete ensaíos sobre as grandes temáticas em torno da obra de Eugénio de Andrade, dos "lugares marítimos", de Rute Beirante, a "plantas, frutos, e animais", de Ricardo Paulouro, passando pela "forma de pensar a sexualidade", de Paulo Simões Mendes. Para além, de poemas e cartas manuscritas e uma completíssima cronologia, os interessados em penetrar no universo de Eugénio de Andrade têm ainda à sua disposição um conjunto de testemunhos sobre o impacto da obra do poeta da autoria de figuras das artes e letras como António Lobo Antunes, Mário Cláudio, Ângelo de Sousa, e Nuno Júdice, entre outros.
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Labels: Literatura
Monday, January 17, 2005
World Press Photo no Fórum da Maia
Pelo 5º ano consecutivo, o Fórum da Maia acolhe a exposição "World Press Photo". Tive a oportunidade de assistir a inauguração do evento, no sábado à noite, e de visitar a excelente colheita fotográfica 2003. Em termos gerais, a Guerra no Iraque acabou mesmo por dominar a atenção dos trabalhos mais superlativos, com alguns desvios chocantes pela condição da mulheres no Afeganistão. Realidade que importa descobrir ou reconhecer.
Em conversa com a respresentante da Fundação World Press Photo, Emily Kerckhoff salientou as histórias por detrás das imagens, destacando, inevitavelmente, o trabalho do francês Jean-Marc Bouju, da Associated Press, que conquistou o prémio de fotografia do ano, pela forma como "apresenta uma imagem de ternura, num contexto violento", justificou a comissária holandesa. A fotografia revela um prisioneiro de guerra encapuçado abraçando o seu filho, de cinco anos, na base militar de An Najaf, no sul do Iraque. Triunfa precisamente pelo valor simbólico e emocional. Paralelamente, encontram-se também patentes trabalhos do Prémio Visão. Com um júri da 4ª edição presidido por Sabastião Salgado, o trabalho vencedor é da autoria do "free lancer" José Manuel Bacelar, que assim substitui com mérito o meu amigo e colega Paulo Freitas. A fotografia revela da tragédia dos incêdios no Verão de 2003, representada na luta de um popular contra o avanço das chamas num incêndio florestal na Sertã. Presente na inauguração, tive a oportunidade de conversar com o autor que recordou a noite em que realizou o trabalho. Alertado para o incêndio pela televisão, saltou à meia noite do dia 6 de Agosto de 2003 para um carro numa viagem Braga-Sertã, de dias horas e meia. No final, valeu o sacrifício. Conseguiu um fotografia notável. Ambas exposições, de exelente qualidade, estão patentes ao público no Fórum da Maia até dia 6 de Fevereiro.
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Friday, January 14, 2005
Quintas de Leitura com mais música em 2005
O Teatro do Campo Alegre (TCA) acolheu "Duelos ao Sol", a primeira sessão das Quintas de Leitura deste ano. Assisti, resisti e dirigi com satisfação o espectáculo não só pelas propostas poéticas a duas vozes, como também, e sobretudo, pelo brinde Ana Mar e J. P Simões. No final, conversei com João Gesta e com o Belle Chase fora do Hotel. Deixo algumas pistas para o cartaz 2005, que promete, desde já, reforçar a aposta na música "made in Porto". O confronto entre escritores consagrandos com nomes menos conhecidos da arena literária prossegue ao longo do ano, enquanto o formato das entrevistas parece morto e enterrado.
Produzido pela Caixa Geral de Despojos, projecto "resindente" do TCA, a proposta "Duelos ao Sol" triunfou, num primeiro momento com a dupla Filipa Leal e Naná Menezes a navegar sobre a maré surreal de Alexandre O´Neill, depois com Sandra Salomé e Pedro Lamares a recitarem extractos das "Três Cartas da Memória das Índias" de Al Berto, e finalmente, na descarga poética central do espectáculo, com Isaque Ferreira e Daniel Maia-Pinto Rodrigues algures entre o lírismo de Fausto e a "América" desconcertante de Ginsberg. J. P. Simões e Ana Deus fecharam uma noite com temas adaptados: "Se Por Acaso", "Vestido Vermelho" e "A Lenda do Homem Pássaro". Sessão nutritiva, equilibrada, satisfatória, sobretudo, criativa e audaz.
Quando às novidades das "Quintas" para este ano ficam alguns avisos à navegação. Já em Fevereiro os Plaza, com Quico Serrano ao leme, atacam com pop textos de Pedro Mexia; em Março, mês Reininho, o público pode contar com presença do GNR e as ballas de Armando Teixeira. No mês seguinte, num dos espectáculos a não perder, Vítor Rua e Nuno Rebelo dão música ao corpo de Vera Mantero, com a obra "Investigações Geométricas", de Gonçalo M. Tavares a conhecer a luz do dia. Finalmente, em Maio, José Luís Peixoto regressa às "Quintas" para celebrar o 5º aniversário do nascimento de "Morreste-me" com concerto a cargo do excelente Old Jerusalem. A encerrar o semestre, a Caixa Geral de Despojos propõe o audacioso "T3+Rum", uma descaga de álcool e poesia a ocupar um dos apartamentos do TCA.
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Wednesday, January 12, 2005
Fantasporto: linhas gerais do cartaz 2005
Assisti ontem à primeira apresentação oficial do programa do Fantasporto 2005. Ao celebrar as bodas de prata do certame instiga, a partir do próximo dia 21 de Fevereiro, ao confronto artístico entre Ocidente e Oriente, com cinema norte-americano e sul coreano na linha da frente de uma batalha com final imprevisível. Entre "bockbusters" norte-americanos, como "Constantine", e propostas de autores asiáticos, como "One Missed Call", do japonês Takeshi Miike, o cartaz 2005 contém várias novidades de interesse, enquanto, por outro lado as actividades paralelas ficam um pouco aquém das iniciativas inicialmente previstas. Recorde-se que no ano passado a Dorminsky anunciou uma maratona de 25 filmes no Rosa Mota, espectáculos de teatro... Apesar das limitações e dos cortes financeiros de mais de dezena e meia de empresas e instituições privadas, o Fantas arranca e promete ser um dos eventos mais interessantes do primeiro trimeste 2005.
Das novidades da edição comemorativa dos 25 anos, destaque para duas novas secções "Porto em Curtas", que rivaliza com as Curtas de Vila do Conde, e "Anima-te", que coloca em xeque o Cinanima de Espinho. Acrescente-se ainda heterogéneo programa de música, "Fantas Sound", o Porto Sound que se cuide, que inclui uma série de oito espectáculos do rock ao pop, do folk ao jazz e blues, no eternamente por restaurar Teatro Sá da Bandeira.
Do cartaz 2005, destaque inicial e incontornável para a estreia europeia, do mega projecto "Constantine" de Francis Lawrence. Com um orçamento recorde de 300 milhões de euros, a adaptação ao grande ecrã da obra de banda-desenhada "Hellblazer", editada pela DC/Vertigo e escrita Kevin Brodbin,Mark Bomback e Frank Capello, apresenta Keanu Reeves como protagonista, numa obra que segundo Mário Dorminsky, se
aproxima de "Matrix". Entre candidatos a óscares e vencedores de festivais internacionais, sublinhe-se a exibição no Fantas do surpreendente "Oldboy", do sul-coreano Chan-Wook Park, um "thriller" criativo que arrecadou, entre outros, o prémio especial do júri em Cannes; e o mais do que provável vencedor dos alguns Globos de Ouro e candidato às estatuetas douradas, "Sideways", de Alexandres Paine, um dos filmes do momento nos EUA. Na área competitiva registe-se a antestreia de "Nothing" e a presença especial do respectivo realizador Vincenzo Natalli ("O Cubo" e "Cypher"). Para aos amantes de emoções fortes, o certame reserva "Saw", de James Wan, considerado com um mais assustadores filmes de terror dos últimos tempos. Destaque ainda para "Primer", de Shane Carrut, um cocktail de ficção-científica recheado de efeitos especiais venceu o Festival de Sundance.
Finalmente, pelo segundo ano consecutivo, o Fantas exibe algumas das mais criativas obras do fantástico nascidas, naturalmente, em território asiático e que depois de terem conquistado público do certame têm vindo a ganhar terreno no circuíto cinematográfico nacional. Vindo do Oriente, o Porto recebe em antestreia dos mais recentes trabalhos de Shinia Tsukamoto e Takashi Miike, entre outros realizadores de culto.
Mais novidades em breve...
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Labels: Cinema
Fantasporto: Fantas Sound
Conjunto de concertos a atingir o Teatro Sá da Bandeira inserido na 25ª edição do Fantasporto. Destaque inevitável para os Xutos, provavelmente a última oportunidade de ver e ouvir a banda de Tim e Zé Pedro em formato acústico, o jazz dos João Bosco, numa noite certamente inesquecível e finalmente os Mesa, colectivo d J.P. Coimbra, um dos projectos mais interessantes da pop actual. Fica a agenda:
Fevereiro
Dia 25 - Milladoiro
Dia 26 - Xutos e Pontapés
Dia 27 - João Bosco e Trio
Dia 28 - Fairport Convention
Março
Dia 1 - Mesa
Dia 2 - Maria Viana
Dia 3 - Daemonia
Dia 4 - Plaza
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Labels: Música
Tuesday, January 11, 2005
Concerto de Solidariedade: Blasted Mechanism
Uma das mais recentes novidades do poderoso cartaz do concerto "AMI pela ÁSIA" a subir ao palco do Coliseu do Porto no próximo dia 22, são os Blasted Mechanism. O evento que inclui, entre outras, as participações dos Xutos e Pontapés, The Gift, Mesa e Clã, está a ser organizado pela AMIarte, núcleo cultural da Delegação Norte da Assistência Médica Internacional. Isabel Martinho, da AMIarte, adiantou-me que muito em breve revelará o cartaz final do mega-espectáculo. "Neste momento - confessou a produtora - o número de bandas a querer participar neste projecto superou todas as expectativas". Para além da disponibilidade das bandas a responsável encontrou resposta favorável em empresas ligadas ao sector do espectáculo. "Fiquei agradavelmente surpreendida pela forma como diversas instituições se disponibilizaram, desde logo, oferecendo o mais diverso apoio logístico, desde a equipe de seguranças aos técnicos de som".
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Sunday, January 09, 2005
Concerto de Solidariedade: GNR e Blind Zero
Mais dois nomes a acrescentar ao cartaz do concerto de solidariedade do próximo dia 22 no Coliseu do Porto: GNR e Blind Zero. Efectivamente, a banda de Reininho inicia da melhor forma as celebrações do 25º aniversário, enquanto o projecto de Miguel Guedes teve a coragem de colocar em "stand by" as gravações do sucessor de "The Way to Bleed Your Lover", nos estúdios do Mário Barreiros, para se juntar à festa da AMIarte.
Espera-se um concerto "long-play", ao vivo e a cores, para mais tarde recordar. Entretanto, muitas novidades do cartaz e não só ainda estão para revelar...
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Thursday, January 06, 2005
Concerto de Solidariedade: Clã e Mesa
Depois das presenças dos Xutos e Pontapés e The Gift, os Clã e os Mesa são para já mais duas bandas a juntarem-se, no próximo dia 22, ao Concerto de Solidariedade pela Ásia, organizado pela AMIarte em parceria com a produtora Ritmos. Provavelmente, dois dos projectos mais interessantes na área do pop, o colectivo de Vila do Conde pelo excelente "Rosa Carne", na minha opinião, um dos melhores registos de 2004, e a banda liderada por J.P.Coimbra vai com uma segurança e inteligência invulgares no contexto da música portuguesa construíndo uma carreira sólida e consistente com concertos de grande qualidade. No Coliseu, a projecto de liderado por J.P Coimbra surge com a participação especial de Rui Reininho.
Entretanto, o cartaz para o concerto "Música e Solidariedade" não se encontra fechado, existindo outras duas bandas que prometem subir ao Coliseu num dos espectáculos de música mais interessantes, pelo menos, do primeiro trimestre de 2005.
Mais novidades para breve...
Posted by Anastácio Neto at 14:01 6 comments
Labels: Música, Solidariedade
Wednesday, January 05, 2005
Concerto de Solidariedade: Xutos e The Gift juntos no Coliseu do Porto
Um dos acontecimentos mais interessantes a atingir o Porto já neste mês de Janeiro. No próximo dia 22, os Xutos e Pontapés e The Gift juntam-se para partilhar o palco do Coliseu do Porto num megaconcerto de solidariedade pelas vítimas do marmoto na Ásia. A notícia foi-me revelada ontem em primeira mão por uma fonte próxima ao evento que me adiantou ainda mais três bandas de primeira linha que irão fazer parte do espectáculo. Em breve anunciarei o cartaz completo que aviso é do melhor que há em termos da música "made in Portugal". A produção do evento está a cargo da Ritmos em parceria com a AMIarte, departamento de acção cultural da Assistência Médica Internacional que receberá o resultado da bilheira destinado na totalidade a apoiar a missão da AMI no Sri Lanka. Intitulado "Música e Solidariedade", o concerto promete desde logo transformar-se num dos eventos mais interessantes a atingir o Coliseu. Naturalmente faço questão de marcar presença, não só pela causa que é mais do que nobre, obrigatória e exemplar, como também pela qualidade das bandas que por lá vão passar. Aconselho desde já a comprarem o mais cedo possível os bilhetes para o espectáculo. Espero sinceramente que o Coliseu esgote. Logo que me permitirem anunciarei o cartaz completo e outras novidades que se imponham.
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Monday, January 03, 2005
2005 pela voz dos agentes culturais do Porto
Expectativas moderadas, desejos urgentes, antevisões realistas e uma maré de desabafos terapêuticos são debitados na primeira pessoa por alguns protagonistas culturais das esfera nacional. De costas voltadas para 2004 e com os olhos bem postos no novo ano, conversei via telefone com músicos, actores, encenadores, gente do cinema, dos palcos e da programação cultural que fizeram uma breve radiografia do ano findo, denunciando problemas de resolução preemente e destacando ambições, sonhos, esperanças e utopias para 2005.
Com ironia inteligente e sarcasmo desconcertante, Rui Reininho olha de soslaio para um dos eventos do ano, a inauguração da Casa da Música, agendada para 14 de Abril. "Sinceramente não me faz falta. Já vivi tantos anos sem a Casa da Música que certamente não me irá fazer grande diferença. Depois de tantos falsos alarmes, não tenho grandes esperanças numa casa dirigida por carreiras políticas". Para a voz dos GNR - que este ano celebram 25 anos de carreira - a realidade da música não tem evoluído favoravelmente. "Há quanto tempo não vemos na televisão um programa sobre bandas como os Xutos ou uma emissão de jazz? Temos sempre o Natal dos Hospitais. Sinceramente, só apareço lá se for da cadeira de rodas", afirma. Relativamente aos festivais de Verão, Reininho dispara: "é necessário estar dentro de certos lobbies. Por exemplo, nós não fomos ao Rock in Rio por estarmos desligados de determinados lobbies".
Já Miguel Guedes, outra das vozes do rock "made in Porto", "a cultura tem sido tratada em Portugal como um bem de segunda necessidade". O vocalista dos Blind Zero, que a partir de quinta-feira entram no Estúdio de Mário Barreiros para gravar o sucessor de "A Way To Bleed Your Lover", espera que a Casa da Música seja "uma oportunidade para a cidade se abrir a todo o tipo de música da popular ao rock".
Opinião partilhada por João Vieira, dos X-Wife, que neste momento se encontram em digressão ao lado dos Wray Gunn. Para o vocalista e guitarrista do colectivo do Porto um dos desafios a enfrentar este ano é a revolução digital. "O fenómeno dos i-pods e ficheiros mp3 está, e vai continuar em 2005, a mudar o consumo da música, sobretudo nas camadas mais jovens", afirma. Para as bandas que têm um target com conhecimentos informáticos é necessário ter em conta que a venda de CD´s vai dar lugar a compra online de temas. "Podemos assistir ao regresso da cultura dos singles, com o público a adquirir temas em vez de álbuns", afirma o músico.
Unânimes, os agentes ligados às artes de palco esperam que o Governo considere a cultura como elemento essencial para o desenvolvimento do país. Com a eterna questão do financiamento sempre no horizonte, actores e encenadores esperam e desesperam por políticas a longo prazo. Norberto Barroca, do Teatro Experimental do Porto, deseja que em 2005 "haja uma política cultural que valorize o teatro". Mais caústico e desassombrado, o actor Óscar Branco considera que "a Câmara Municipal do Porto tem exterminado a cultura na cidade" e que "o Ministério da Cultura não tem existido. O ano de 2004 - afirma o actor - é para esquecer o mais depressa possível".
Catarina Martins, da Visões Úteis, espera que a cultura seja considerada como um bem de primeira necessidade e que se resolvam questões como o estatuto dos artistas e se encontre uma urgente estabilidade nas políticas culturais. "Não podemos estar dependentes de demissões de secretários de Estado ou de ministros", afirma. Opinião partilhada por Rosa Quiroga, da Assédio, que apela ainda à abertura das infraestruturas teatrais a co-produções e à criação de uma rede de programação e divulgação das artes dramáticas.
Na sétima arte 2005 poderá ser um ano com poucas novidades produzidas em Portugal. "A nova lei do cinema está atrasada e isso pode, desde logo, condicionar a estreia em 2005 de muitas propostas nacionais", afirma Mário Dorminsky. Para o director do Fantasporto, "o cinema português tem de deixar de olhar para o umbigo e apresentar ao público propostas de entretenimento inteligentes".
Já o realizador Abi Feijó, espera, simplesmente, que "este ano os responsáveis olhem com compreensão para o sector. Se isso acontecer já é um passo muito importante para a resolução de muitos dos problemas que afectam o sector do cinema", conclui o cineasta de animação.
Nas artes plásticas, João Fernandes, director do Museu de Serralves, situa como problemas a resolver "a falta de espaços disponíveis para os jovens artistas mostrarem os seus trabalhos" e ainda "a necessidade das estruturas existentes terem uma programação clara e definida".
Posted by Anastácio Neto at 14:48 0 comments
Labels: Política
Saturday, January 01, 2005
Disco Internacional do Ano: Franz Ferdinand
Com os U2 a protagonizarem uma das maiores desilusões do ano, 2004 trouxe algumas excelentes novidades e aplaudidos regressos. Da colheita internacional sublinho apenas as brilhantes estreias de Franz Ferdinand com disco homónimo e TV on the Radio com "Desperate Youth, Blood Thirsty Babes". Dos regressos, o destaque vai para os Sonic Youth com "Sonic Nurse" e para a ressurreição ainda por confirmar de Morrissey com "You Are The Quarry". De um universo essencialmente rock, estes são apenas quatro discos editados em 2004 que considero no mínimo interessantes. Boas entradas...
Posted by Anastácio Neto at 02:24 2 comments
Labels: Música