Lou/Cura na Casa da Música
Lou Reed na Casa da Música, foto: Ricardo Meireles, CP
"Lou Reed chegou, viu e gostou: "Que bela sala vocês têm aqui". O rock poético e intimista do co-fundador dos históricos Velvet Underground foi a banda sonora perfeita para a primeira de mil e uma noites de música tocada pela primeira vez bem no coração do empolgante edifício em forma de diamante. As boas vindas foram dadas pela brilhante prata da casa. Manuela Azevedo chamou a si todas as atenções e os Clã abriram caminho para uma festa que culminou na serenata negra do homem de Nova Iorque. Depois de atravessar o Atlântico, Reed iniciou no Porto a digressão europeia. Calmo, intimista, energético, arrebatador.
Seis anos após a primeira pedra, a Casa da Música abriu-se ao "NY Man". Reed revisitou alguns dos momentos mais criativos da sua já longa carreira. Co-fundador de um projecto fundamental para compreender a inteligente e tóxica revolução do rock a partir da "pop art" da grande maçã, Reed deu música a uma Casa há muito sedenta de melodias de encantar. Entre dias perfeitos e memórias de uma "Big Apple" fora de horas, o dramaturgo, fotógrafo, poeta e compositor recordou ambiente negros e góticos de Allen Poe. Convocou o público para uma celebração íntima. Em crescendo leva-o para onde o rock é inteligência. O auditório revibrou, perante as cortinas acústicas descidas.
A abrir a noite, no palco principal da Casa da Música, Manuela Azevedo e os Clã apresentaram-se entre luzes rosa. Plena de poder telegénico, a vocalista da banda serviu o novo espectáculo projectado para 2005 baseado no criativo "Rosa Carne".
Entre doses suaves e literárias de veneno caseiro, a líder do colectivo vilacondense manifestou-se comovida. "Foi uma grande honra para nós, sermos os primeiros a pisar o palco desta casa. Parabéns ao Porto e a Portugal por terem uma bonita Casa da Música", afirmou a sedutora e talentosa voz dos cativante Clã.
Concerto mais do que competente, mexido, emotivo e recheado de pontos altos e de interesses sonoros, deixando adivinhar um 2005 recheado de bom momentos para o grupo.
Uma noite de catarse, de festa e de reconciliação de uma cidade para com uma Casa que teimava em não nascer. Público jovem, dentro e fora do auditório, olhares sequiosos a devorar todos os ângulos possíveis e imaginários do agora menos bruto e mais amigável diamante.
Segue-se mais música por que a Casa, essa, já abriu."
in CP, Anastácio Neto, Luísa Marinho e Salomé Castro
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