Entrevista a Mário Cláudio:Parte II
- Existe um sentido profundamente humanista na sua triologia. A alma humana é a matéria-prima sobre a qual, como um artesão, gosta de rendilhar, trabalhar, escrever…
Realmente, como disse, a matéria-prima do ficcionista é a alma e o comportamento humano. Tenho dificuldade em conceber universos literários que não tenham a ver com isso.
- Nesta triologia aborda o exílio relacionando-o com a problemática das minorias e do poder sobre elas exercido. Convoca personagens tão diferentes em idade, raça e mesmo época. Porquê?
É interessante a palavra que utiliza, pois caracteriza absolutamente aquiolo qe pretendo: exílio. O que quis foi precisamente fazer o retrato de pesssoas que estão à margem, que estão exiliadas em relação ao veio comum da existência.
No primeiro caso eram pessoas tão marginalizadas que estavam dentro de uma cadeia; no segundo, crianças marginalizadas do ponto de vista rácico e etário, neste caso são as pessoas que estão marginalizadas por atingirem uma certa idade. Algo que assistimos cada vez mais na nossa sociedade.
Tudo isto me leva a que se possa pensar nas relações de uma forma diferente. Essa marginalização resulta sempre de uma determinada concepção de poder. Que é o poder da maioria representada pelas pessoas adultas de uma raça que é a dominante. Em todo este processo há um potencial enorme de humanidade que é desperdiçado. Se pensarmos, por exemplo, no velho desta história, o melhor da sua obra foi produzido nos últimos anos da sua vida.
-Acredita que essa frase também se pode aplicar a si?
Gostaria que aquilo que produzo fosse sempre cada vez melhor. Mas, acredito que, de uma maneira geral, há uma tendência no mundo de hoje para uma hipervalorização do adolescente, sobretudo jovem adulto em desprimor de outras idades. Na sociedade em que vivemos, a partir dos 35 anos, as pessoas começam a ficar fora da vida. Desde logo, começam por ter grandes dificuldades em arranjar emprego. Depois assistimos a fenómenos de metamorfoses terríveis e em nada dignificantes de jovens que querem ser mais velhos e velhos que querem ser mais jovens. Assistimos a isso diariamente, desde operações plásticas, até ao culto da energia física que roça por vezes o caricato e que depois tem outras formas de exteriorização, como o vestuário, por exemplo.
- Não poderá existir um factor de medo, que, de certa forma, impede um encontro autêntico com o outr, provocando situações de exclusão e exílio?
Claro. A raíz dessse fenómeno é precisamente o medo. É o medo de ser destruído pelo outro que leva a meter as pessoas nas cadeiras. É o medo de ser submergido por uma cultura diferente, no caso do racismo, que conduz ao exílio. É o medo do que está para além da vida que aflige muito os jovens. A tendência é para se esconder tudo o que é motivado pelo medo. Esconde-se na cadeia, numa ilha num lar da terceira idade.
Realmente, como disse, a matéria-prima do ficcionista é a alma e o comportamento humano. Tenho dificuldade em conceber universos literários que não tenham a ver com isso.
- Nesta triologia aborda o exílio relacionando-o com a problemática das minorias e do poder sobre elas exercido. Convoca personagens tão diferentes em idade, raça e mesmo época. Porquê?
É interessante a palavra que utiliza, pois caracteriza absolutamente aquiolo qe pretendo: exílio. O que quis foi precisamente fazer o retrato de pesssoas que estão à margem, que estão exiliadas em relação ao veio comum da existência.
No primeiro caso eram pessoas tão marginalizadas que estavam dentro de uma cadeia; no segundo, crianças marginalizadas do ponto de vista rácico e etário, neste caso são as pessoas que estão marginalizadas por atingirem uma certa idade. Algo que assistimos cada vez mais na nossa sociedade.
Tudo isto me leva a que se possa pensar nas relações de uma forma diferente. Essa marginalização resulta sempre de uma determinada concepção de poder. Que é o poder da maioria representada pelas pessoas adultas de uma raça que é a dominante. Em todo este processo há um potencial enorme de humanidade que é desperdiçado. Se pensarmos, por exemplo, no velho desta história, o melhor da sua obra foi produzido nos últimos anos da sua vida.
-Acredita que essa frase também se pode aplicar a si?
Gostaria que aquilo que produzo fosse sempre cada vez melhor. Mas, acredito que, de uma maneira geral, há uma tendência no mundo de hoje para uma hipervalorização do adolescente, sobretudo jovem adulto em desprimor de outras idades. Na sociedade em que vivemos, a partir dos 35 anos, as pessoas começam a ficar fora da vida. Desde logo, começam por ter grandes dificuldades em arranjar emprego. Depois assistimos a fenómenos de metamorfoses terríveis e em nada dignificantes de jovens que querem ser mais velhos e velhos que querem ser mais jovens. Assistimos a isso diariamente, desde operações plásticas, até ao culto da energia física que roça por vezes o caricato e que depois tem outras formas de exteriorização, como o vestuário, por exemplo.
- Não poderá existir um factor de medo, que, de certa forma, impede um encontro autêntico com o outr, provocando situações de exclusão e exílio?
Claro. A raíz dessse fenómeno é precisamente o medo. É o medo de ser destruído pelo outro que leva a meter as pessoas nas cadeiras. É o medo de ser submergido por uma cultura diferente, no caso do racismo, que conduz ao exílio. É o medo do que está para além da vida que aflige muito os jovens. A tendência é para se esconder tudo o que é motivado pelo medo. Esconde-se na cadeia, numa ilha num lar da terceira idade.
3 comments:
novo visual
sim, acho que já era altura de fazer um "lifting" no vício. Que tal achas que tá melhor...?
acho que está mt bonito, agora é preciso é actualizado com mais frequência...
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