As politicas culturais da minha aldeia
Infelizmente, Rui Rio parece mesmo empenhado em se recandidatar à Câmara Municipal do Porto. Para tal não olha a meios para atingir fins. Desta vez a vítima, para além do habitual bom senso, foi Filipe La Féria. Rio teve o descaramento ontem de manhã de convidar os jornalistas para assistirem à assinatura de um protocolo entre a CMP e La Féria no Teatro Sá da Bandeira. Para além de convidar terceiros para uma casa que não é sua, quando li o documento tomei consciência de que a peça de teatro já estava a ser representada e não era "A Rainha do Ferro-Velho", pois essa estreia hoje à noite, nas sim "O Homem da Máquina de Calcular", um clássico cá da aldeia. Rio e La Féria eram de facto dois actores em plena laboração, sendo o segundo um "casting" algo inesperado, confesso. No protocolo, Rio é obrigado a ceder locais para afixação de cartazes e "mupis" à produção do espectáculo, a comprar bilhetes para as peças "A Rainha do Ferro-Velho" e "A Menina do Mar", e finalmente, numa espécie de pré-campanha eleitoral, a oferecer essas entradas a idosos e crianças do Porto. Mais imoral ainda, o documento obriga a empresa de La Féria, Bastidores, a ficar no Teatro Sá da Bandeira durante três meses e a recuperar o malogrado teatro. Agora, pergunto-me, sendo o TSB um espaço privado, gerido por uma empresa privada, como é que é possível a Câmara do Porto assinar um documento que obriga La Féria não só a ficar numa casa que não é sua e para a qual naturalmente teve de pagar renda ou aluguer, como também o compromete a fazer obras (naturalmente de fachada e cosmética, pinturas e limpezas de pó) num espaço que não pertence nem à Bastidores nem à CMP, os dois outorgantes do documento. Estamos na esfera do ridículo e da encenação, no seu sentido mais puro.
PS: Nota negativa para a colega de curso e de profissão, Joana F., da RTP, que de microfone em riste e sorriso rasgado, em frente a Rio, habita esta mesma esfera do ridículo e da encenação, ao fazer as perguntas e a oferecer as respostas."Estas obras, senhor presidente, são o primeiro passo na tão espera renovação do Teatro Sá da Bandeira?"
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