As Cruzadas contemporâneas ou a maldição de Bush regressa à Europa
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1. Quanto vale uma vida iraquiana?
É impressionante como perto 50 mortos numa capital europeia conseguem gerar mais de 12 horas de indignação internacional em directo, enquanto perto de 900 mortos de fome por hora em África são uma banalidade indigna de um simples rodapé no telejornal da noite. Será que um míssil Tomahawk lançado, por engano, sobre um infantário, em Basorá, não merece igual atenção mediática, 12 horas de directos e centenas de condenações internacionais com outros tantos pêsames à mistura? Qual o valor real de uma vida britânica em comparação com uma palestiniana? Uma criança russa é mais importante do que uma iraquiana?
A lógica do terror impõe-se como um monstro só quando bate à porta do vizinho mais próximo.
Cedo as ondas de terror se levantaram nos "mainstream media", recheados de emoção e pesar, ocultando, desde logo, a verdadeira natureza do "mal", da morte, legitimando a "protecção" e alimentando a "acção" do líderes no poder. As estações de televisão multiplicaram-se em reacções de pesar, em lamentações e condenações destes actos condenáveis por natureza. Falou-se de civilização, de choque de culturas, de estilos de vida em vez de se reflectir sobre o por quê, das razões do ódio, gritaram-se mensagens de guerra como "não nos vamos intimidar", "não vencerão". Bush cedo acusou estes "monstros" de "terem o mal no coração".
2. Não estará a Europa a colher o mal que semeou?
"On the one hand, we got people here who are working to alleviate poverty and to help rid the world of the pandemic of AIDS and that are working on ways to have a clean environment. And on the other hand, you've got people killing innocent people. And the contrast couldn't be clearer between the intentions and the hearts of those of us who care deeply about human rights and human liberty, and those who kill, those who've got such evil in their heart that they will take the lives of innocent folks. We will spread an ideology of hope and compassion that will overwhelm their ideology of hate." " G.W.Bush, 07/07/05
A explicação do presidente dos EUA para os atentados de ontem longe de ingénua é assustadora no sentido mais tétrico do reformular a h
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Importa recordar que na mente de toda uma nova geração de árabes ainda está bem viva a invasão do Afeganistão, Iraque, uma substituição de ditadores, o desaparecimento, tortura e morte de familiares. As imagens de tortura em Abu Ghraib, que atingiram meio mundo em April do ano passado, podem ajudar a compreender o presente.
2 comments:
estamos em sintonia Anastácio. :)
infelizmente pelas mesmas razões.
mas lentamente penso eu que as pessoas estºão a olhar em volta e aperceber o peso de uma vida humana.
demasiado lentamente. mas havemos de lá chegar!
beijinhos e bom fim de semana.
filipa.
Cara Filipa, parece que andamos sobre a mesma onda de pensamento. As pautas parecem mais afinadas que nunca. Parabéns pelo "post".
Um beijo e bom fim-de-semana para ti também.
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