Festivais de Verão em análise
Os festivais de verão estão cada vez mais parecidos com os "blockbusters" de fim-de-semana, num qualquer hiper-mercado, com mais de dez salas, no final, simplesmente já não surpreendem. Deixam um gosto amargo. Em vez de arrebatados ficamos com um "poderia ter sido melhor". A desilusão ganha anualmente terreno ao espanto e à surpresa. Na realidade basta analisar as cartazes dos três grandes festivais nos últimos cinco anos para constatar o crescimento de apostas extraídas do panorama audiodigital verificar o aumento vertiginoso de produtor desenhados para o mais lucrativos dos mercados o "teen", que actualmente se afirma com o público alvo dos "i-tunes", "ringtones" e afins. As lições, consequências e efeitos de Rock in Rio só aceleraram um processo de mercantilização em marcha desde 2002. A explusão dos Nickelback no Ermal não foi mais do que um último grito para uma revolução cujos vencedores e vendidos já estavam anunciados na MTV. A pulsão para o pop comercial e aversão à novidade e ao risco não param de aumentar de forma inversamente proporcional à idade do público alvo. Com a excepção do Paredes de Coura, que guardo como o único festival de algum interesse, tendo o bom gosto da Ritmos de João Carvalho, que desvia para Portugal projectos com Yeah, Yeah, Yeahs, The Datsuns, Arcade Fire, Death From Above 1979, entre outros, pouco ou mesmo nada justifica 70 a 80 euros de entrada. O futuro dos festivais do verão é identico ao dos shoppings da actualidade. O público é idêntico. Os patrocinadores são iguais. É equação não deixa margem de manobra para qualquer espécie de criatividade fora do marketing.
Na origem desta tragédia há muito anunciada estão múltiplos factores, a começar, desde logo, os acima referidos e incontornáveis interesses dos patrocinadores em relocalizar eventos a partir das demografias de consumo e construir cartazes à medida do público alvo: O Super Bock Super Rock em Lisboa é provavelmente o caso mais flagrante deste "delito" de invadir a área da Sagres. A luta pelo público "teen" tem de seguir a mesma lógica de consumo de massas, moldando cartazes, alinhamentos, rotas de digressão e favores, naturalmente paralelos, entre nomes de peso e artistas desconhecidos. E é neste espaço que as editoras jogam o pouco poder que ainda possuem. Com a faixa etária do público consumidor a baixar drasticamente, torna-se necessário equilibrar as apostas musicais. Seduzir os pais, não só para deixarem os filhos irem ao festival, mas também para darem lá uma saltada, para ficarem de olho. Assim junta-se na mesma noite de Vilar de Mouros Joss Stone de 15 anos, como Joe Cocker de 61. Quando a geografia não representa uma conquista de um mercado de interesse, assiste-se a fenómenos híbridos, onde vale tudo para todos. A mutação 2005 do Ermal é provalvemente o exemplo mais recente deste formato "multiplex". Uma espécie de "self service" entre o metal norte-americano, o reggae jamaicano e pop planetário. Resultado final, o tal amargo de boca idêntico aos filmes "made in Hollywood". Não surpreendeu mas foi porreiro. Um certo contentamento, descontente, distante das noite de arrebatamento e surpresa que a música, independemente do género pode, sabe e deve provocar. Com a explosão dos "rock fest" na Europa, mais um par de anos, e teremos de nos contentar com Guano Apes, Scorpions, Da Weasel e The Gift, Uma espécie de queima das fitas mas com uma ou outra Madonna "wanna be" para animar a "generation next" de telemóvel 3G em riste.
Na origem desta tragédia há muito anunciada estão múltiplos factores, a começar, desde logo, os acima referidos e incontornáveis interesses dos patrocinadores em relocalizar eventos a partir das demografias de consumo e construir cartazes à medida do público alvo: O Super Bock Super Rock em Lisboa é provavelmente o caso mais flagrante deste "delito" de invadir a área da Sagres. A luta pelo público "teen" tem de seguir a mesma lógica de consumo de massas, moldando cartazes, alinhamentos, rotas de digressão e favores, naturalmente paralelos, entre nomes de peso e artistas desconhecidos. E é neste espaço que as editoras jogam o pouco poder que ainda possuem. Com a faixa etária do público consumidor a baixar drasticamente, torna-se necessário equilibrar as apostas musicais. Seduzir os pais, não só para deixarem os filhos irem ao festival, mas também para darem lá uma saltada, para ficarem de olho. Assim junta-se na mesma noite de Vilar de Mouros Joss Stone de 15 anos, como Joe Cocker de 61. Quando a geografia não representa uma conquista de um mercado de interesse, assiste-se a fenómenos híbridos, onde vale tudo para todos. A mutação 2005 do Ermal é provalvemente o exemplo mais recente deste formato "multiplex". Uma espécie de "self service" entre o metal norte-americano, o reggae jamaicano e pop planetário. Resultado final, o tal amargo de boca idêntico aos filmes "made in Hollywood". Não surpreendeu mas foi porreiro. Um certo contentamento, descontente, distante das noite de arrebatamento e surpresa que a música, independemente do género pode, sabe e deve provocar. Com a explosão dos "rock fest" na Europa, mais um par de anos, e teremos de nos contentar com Guano Apes, Scorpions, Da Weasel e The Gift, Uma espécie de queima das fitas mas com uma ou outra Madonna "wanna be" para animar a "generation next" de telemóvel 3G em riste.
5 comments:
"A 'generation next' de telemóvel 3D em riste"... também eu não podia estar mais de acordo. Tropecei no blog e gostei muito. Especialmente a extensa letra dos divertidíssimos e excêntricos Sun Ra Orchestra!
Paredes de Coura é, sem dúvida, é melhor festival pop/rock deste ano. Os outros pecam por serem popularichos e apostarem sempre em valores seguros. Bah!
Bom texto! Concordo em pleno com a análise! Os festivais estão cada vez mais parecidos uns com os outros e cada vez menos interessantes. Excepção feita ao Paredes, que é o único que arrisca!
E, entretanto, lá vêm os Korn e o Ben Harper outra vez! Este último já deve ter casa em Portugal...Deve morar no mesmo prédio que os Gene Loves Jezebel. Não há pachorra!
http://planeta-pop.blogspot.com
e os The Roots anastácio!! THE ROOTS! :)))
e a joss é mais grandinha, já fez 18 aninhos! ;)
beijos
Como sou de la perto sei como funciona P.C. e diferente n so pelo festival mas tb pelo ambiente k a população da e k nem toods tão habituados HASTA
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