Festa da Baixa está mesmo em baixo
Finalmente, terminou ontem um dos melhores exemplos das falta de dinamismo cultural das gentes políticas que governam a cidade do Porto. Estou naturalmente a referir o movimento de propaganda autárquica denominada "Festa na Baixa". A Câmara Municipal do Porto (CMP) , via Culturporto, (que ainda é presidida pelo esforçado Marcelo Mendes Pinto), tomou sobre si a responsabilidade de divulgar um programa-folheto transformado em manta de retalhos com o ambicioso objectivo de dinamizar a Baixa do Porto em apenas três dias. Deus necessitaria pelo menos de uns quatro ou cinco, tendo em conta a quantidade de casas abandonadas.
Para além da maioria dos eventos da dita "festa" não serem produzidos pela CMP, caso natural da agenda da Fnac, do festival FRAME ou das exposições do Centro Português de Fotografia (recorde-se que estas últimas inauguraram em Setembro), o que mais impressiona é a incoerência total e absoluta do auto-intitulado programa. Sem um único evento dedicado ao teatro, o cardápio mistura a 14ª edição do Festival de Jazz do Porto, no Rivoli, com a Festa do Fado da Rádio Festival, no Coliseu, e ainda consegue encontrar um espaço para enfiar o insuspeito Snowey White, na Fnac de Santa Catarina, isto só para falar de alguns exemplos na área da música.
Depois de um fim-de-semana em que a Baixa ficou completamente irreconhecível, a Festa terminou ontem à noite, da melhor maneira, com as gentes da Culturporto a fazerem um magusto nos Maus Hábitos, enquanto do outro lado da rua, Maria da Fé cantava o fado num Coliseu alugado à Rádio Festival, (note-se, agora sim, a coerência do nome), sala de espectáculos que de 2002 para cá tem apresentado uma programação cada vez mais negra e deprimente, mas isso dava outro desabafo de meia página. Para o próximo ano seguem-se mais visitas a miradouros e como não podia deixar de ser quilos de castanhas e horas do melhor fado, por que, ao fim e ao cabo, é disso que a gente do Porto parece gostar...
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