Queens Of The Stone Age: "Lullabies To Paralyze"
Os Queens Of The Stone Age (QOTSA) revelaram, ontem, à MNE alguns pormenores sobre o seu quarto registo de originais. Segundo a revista britânica, citando a Billboard, o trabalho intitula-se "Lullabies To Paralyze" e será editado a 21 de Março de 2005 em Terras de Sua Majestade e um dia depois nos EUA. O disco conta, entre outras, com as participações de Shirley Manson, dos Garbage, e da namorada de Homme, Brody Dalle, dos Distillers.
Sinceramente devo confessar que aguardo este álbum com algum entusiasmo. "R" e "Songs For The Deaf" fazem parte da minha colecção dos melhores discos de rock dos últimos anos. Ambos os trabalhos emergem num contexto musical carente de alternativas puras e duras, perante a "hype" dos Strokes ou White Stripes e da ascensão de uma pop e de um r&b cada vez mais parecidos com projectos audiovisuais saídos dos estúdios da Playboy. Recolhendo os detractores do uso excessivo das ilusões dos Guns n´Roses no início da década de 90, chamando até si a comunidade de órfãos dos Nirvana e os alérgicos ao efeito Bob Rock nos Metallica, os QOTSA souberam recolher e actualizar o melhor da sonoridade dos Zeppelin com os coros dos Black Sabbath, adicionando pelo caminho uma poção mágica vinda directamente de Seattle. O resultado em "Song For The Deaf" é desconcertante rude e hormonal.
Tive a oportunidade de assistir às duas actuações em Portugal da banda e não fiquei desiludido. A primeira, em Novembro de 2003, esgotou o "a-precisar-de-recuperação-urgente" Teatro Sá da Bandeira, no Porto. Num ambiente de teste à segurança da casa onde Aurélio Paz dos Reis estreou em Portugal uma arte chamada cinema, os QOTSA ofereceram um concerto tão poderoso quanto demolidor, com efeitos secundários nos tímpanos e garganta durarem mais de 48 horas. Da parte da tarde, tive a oportunidade de entrevistar Mark Lanegan, que entretanto já abandonou o projecto. Na altura, o Screaming Tree confessou-me a admiração e a fonte inspiracional que tem sido para ele o legado dos Nirvana. Homem com ligações a Seattle transportou para os QOTSA uma vocalização soturna, intensa e delirante, basta ouvir "Hanging Tree" ou "Song For The Deaf".
A segundo concerto, no excelente Paredes de Coura 2003, recheado de estreias em Portugal (Yeah, Yeah, Yeahs, The Datsuns, entre muitas outras), o colectivo conduziu mais de 25 mil pessoas numa viagem pelos desertos da Califórnia, menos intimista é certo, mas contudo, comprovativa da excelência do colectivo e dos álbuns.
Com em sem sessão no deserto, com mais um menos intimidade, a qualidade interpretativa e a energia do colectivo conquistou definitivamente um importante espaço na história dos concertos "made in Portugal" e soube inscrever, em estúdio, três álbuns referencias para a historiagrafia recente do rock. Espero que o quarto registo confirme o talento do colectivo e que a banda regresse ao Porto para um segundo concerto, desta vez de preferência no Coliseu.
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